Fiocruz vai atuar na Etiópia

Será a segunda unidade de representação da instituição pública de saúde no continente africano – a outra fica em Moçambique; anúncio foi feito por Lula na 37ª Cúpula da União Africana


Da Agência Fiocruz, via Agência Gov Br | De Adis Abeba (Etiópia)

Durante a reunião da 37ª Cúpula da União Africana (UA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, no último sábado (dia 17), a ampliação da cooperação em saúde com o continente.

Entre as medidas, está a criação de uma representação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Adis Abeba, capital da Etiópia.

Na viagem pelo país, o presidente da Fundação, Mario Moreira, acompanhou a comitiva brasileira, representando a ministra Nísia Trindade Lima, durante o encontro dos ministros da Saúde do continente africano.

A abertura da nova representação da Fiocruz – a segunda na África – vem a partir da experiência bem-sucedida em Moçambique, onde a Fundação vem atuando de forma estruturante para o fortalecimento do sistema público de saúde local.

PREVENÇÃO DE DOENÇAS

Em seu discurso, o presidente Lula defendeu uma cooperação voltada para a equidade em saúde.

Ele destacou a importância da colaboração com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África).

“Vamos trabalhar com o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças para enfrentar doenças tropicais negligenciadas. Teremos como meta a ampliação do acesso a medicamentos, evitando a repetição do ‘apartheid’ de vacinas que vimos na covid-19”, disse Lula.

“Para levar adiante todas essas iniciativas, vamos criar um posto avançado de cooperação junto à União Africana em setores como pesquisa agrícola, saúde, educação, meio ambiente e ciência e tecnologia. Nossa representação diplomática em Adis Abeba contará em breve com funcionários de órgãos governamentais como a Agência Brasileira de Cooperação, a Embrapa e a Fiocruz, nossos órgãos de pesquisa e desenvolvimento em agropecuária e saúde”, acrescentou.

A pedido da ministra Nísia, Mario Moreira participou da reunião com os ministros de Saúde do continente, coordenada pelo CDC África.

O ponto forte do encontro foi a proposta de presença da instituição no continente africano, de forma articulada com os objetivos do Ministério da Saúde brasileiro e do CDC África.

“Estamos muito orgulhosos pela confiança que o governo brasileiro depositou na Fiocruz para que sejamos um ponto fundamental de cooperação com o continente africano no campo da saúde. A abertura de uma representação nossa em Adis Abeba, onde fica a sede da União Africana, reforça e aprofunda a cooperação estruturante do Brasil com a África”, disse Mario Moreira.

FIOCRUZ E ÁFRICA

Na reunião dos ministros da saúde da UA, a Fiocruz foi apresentada como uma grande parceira do continente.

O diretor geral do CDC África, Jean Kaseya, destacou a necessidade de fortalecer os sistemas de saúde dos países do continente, por meio, sobretudo, do aumento da produção local e da formação de quadros profissionais para a saúde pública.

Kaseya observou que essa ampliação da produção deve ir desde o desenvolvimento e a realização de estudos clínicos, até os aspectos regulatórios e da produção propriamente dita. Ele se mostrou interessado ainda na transferência de tecnologia do Brasil.

O diretor geral do CDC África considerou a força de trabalho o ponto mais frágil do continente.

Kaseya disse que gostaria de usufruir da capacidade Fiocruz de formação pessoal, com os programas de pós-graduação em saúde pública e em ciências biológicas, tanto recebendo alunos africanos na Fundação como na organização de programas na África – iniciativas que têm sido bem-sucedidas em Moçambique.

O desdobramento esperado da viagem é a consolidação do projeto de colaboração por meio de um documento firmando os compromissos  a ser assinado na Assembleia Mundial da Saúde em maio deste ano, em Genebra. Moreira teve ainda uma reunião bilateral com Kaseya.

COOPERAÇÃO COM MOÇAMBIQUE

A União Africana é formada por 55 países e passou a integrar o G20 com o apoio do Brasil.

Juntas estas nações reúnem 1 bilhão e 500 milhões de habitantes e enfrentam muitos desafios semelhantes ao Brasil.

A Fiocruz tem um escritório em Moçambique desde 2008, num dos mais bem-sucedidos exemplos de cooperação estruturante da Fundação no continente.

E uma das áreas mais ativas de cooperação tem sido na educação, com cursos de nível técnico à pós-graduação para profissionais da saúde.

Somente o Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, fruto da cooperação entre a Fiocruz e o Instituto Nacional de Saúde (INS) moçambicano já formou mais  mais de 60 mestres.

No ano passado, foi lançado o Programa Educacional em Sistemas de Saúde (SIS-Saúde Brasil/Moçambique) para fortalecer os sistemas de saúde na região.

O programa é um grande consórcio institucional de seis diferentes programas de pós-graduação da Fundação em parceria com o INS e a Universidade Lúrio, ambos de Moçambique.

O mais recente projeto prevê ainda a criação de uma escola nacional de saúde pública no país.

BANCOS DE LEITE HUMANO EM OUTROS PAÍSES AFRICANOS

Outra iniciativa que teve êxito foi a cooperação para a implantação dos bancos de leite humano.

Essa iniciativa começou com a Fiocruz auxiliando inicialmente a formação de uma rede brasileira na década de 1980 e partindo depois para a formação de redes regionais, como a que envolve os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Desde 2011, foram implantados na África, com base na cooperação da Fiocruz e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), dois bancos de leite humano em Cabo Verde, um em Moçambique e um em Angola, beneficiando milhares de bebês e ajudando a combater a mortalidade infantil. Essa experiência deve crescer este ano, com a ampliação do número de bancos nos países e uma conferência em maio.

Há projetos para as possíveis aberturas de um novo em Cabo Verde e três novos em Moçambique. A colaboração com a União Africana ajudará agora a estabelecer essa cooperação para além dos países de língua portuguesa.


Imagem em destaque | Lula na 37ª Cúpula da União Africana. Foto: Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República




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