Iniciativa de acadêmica rompe barreira linguística e inclui mulheres na assistência à saúde

Então estudante de Enfermagem, em estágio em posto de saúde de Chapecó, percebeu que a maioria das pessoas a quem buscava orientar falava espanhol. Com apoio da UFFS, produziu material instrutivo inclusivo


Da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) | De Chapecó (SC)

Imagine que você precise de atendimento médico mas não consiga se comunicar com quem lhe atende, porque vocês não falam o mesmo idioma. Ou então se coloque na posição de quem atende, sem compreender as queixas do paciente. Complicado, não é?

A acadêmica Alessandra Hoffmann, do curso de Enfermagem do Campus Chapecó da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), sabe bem o que é isso, pois vivenciou esse tipo de situação no estágio que realizou no primeiro semestre deste ano no Centro de Saúde da Família (CSF) Esplanada, na cidade.

Alessandra conta que uma das atividades desenvolvidas na unidade era a chamada “semana da livre demanda do preventivo”, que ocorre sempre na última semana do mês, quando as mulheres podem ir em qualquer dia e horário e realizar a coleta para o exame.

Foi em um desses dias que ela percebeu que maioria das pacientes atendidas falava espanhol, e muitas não compreendiam as orientações devido à dificuldade em compreender o que era dito em português.

“Percebi que esse poderia ser um fator que as afastasse do serviço, pois pensei como me sentiria se fosse na consulta e não entendesse o que estavam me falando”, afirma Alessandra.

Segundo ela, em diversos outros momentos sentiu a mesma dificuldade, como quando prestava assistência em consultas de rotina, testes rápidos para infecções sexualmente transmissíveis (ITs) e abertura de pré-natal.

“Muitos usuários falavam espanhol e, às vezes, eu não sabia como orientá-los de forma eficiente, uma vez que eu não tinha o domínio dessa língua. Então, tentava como podia, naquele momento, mas pensei em fazer algo a mais. Então, pensei na adaptação do material de educação em saúde”, conta.

A ideia de elaborar um material traduzida foi apresentada à orientadora, a professora Daniela Savi Geremia, e depois para a enfermeira Jaqueline Rossari, coordenadora do CSF Esplanada, que aprovaram a proposta.

Trecho do material produzido. Fonte: UFFS

A produção do material contou com a ajuda das enfermeiras da unidade.

“Principalmente a enfermeira Giselle Menegolla, que me auxiliou deixando a escrita mais próxima da população e realizando correções de acordo com aquilo que o SUS oferecia e como oferecia”, comenta Alessandra.

Foi produzido material informativo sobre a saúde ginecológica feminina, métodos contraceptivos, exame citopatológico/preventivo, assim como sobre a vacinação infantil até os dois anos.

Foram feitos também outros informativos, como o para para hipertensos e diabéticos, mas não foi possível concluir a tradução a tempo do término do período de estágio. Dos dez informativos produzidos pela estudante, sete foram traduzidos.

APOIO DA UNIVERSIDADE

A tradução do material foi possível com o apoio do Centro de Línguas da UFFS (CeLUFFS) – Chapecó, coordenado pela professora Maria José Laiño.

Segundo ela, a proposta da estudante foi prontamente aceita, pois é muito importante para a comunidade hispanofalante de Chapecó, que vem aumentando e necessita driblar a barreira linguística.

“Tendo em vista que se trata de uma iniciativa que busca informar as pessoas, a proposta de tradução de folhetos sobre campanha de prevenção de doenças e orientações de vacina para a língua espanhola é muito importante e urgente”, pontua a docente.

OUVIR, FALAR, LER E ESCREVER

De acordo com a professora, participar de atividades de tradução é uma grande oportunidade de estudar a língua de uma maneira diferente de como é feito em sala de aula, em que são exploradas as quatro habilidades para a aprendizagem de uma língua estrangeira: ouvir, falar, ler e escrever.

“A tarefa tradutória exige de quem traduz um cotejamento entre as línguas num nível mais aprofundado, diferente da tarefa de interpretar um texto. Exige que o aluno/tradutor compreenda o texto fonte, isso é, o texto que deve ser traduzido, a priori, para depois pensar nas estratégias de tradução que ocorrerão no processo tradutório, com o objetivo de elaborar um texto traduzido (ou texto meta) que seja adequado ao contexto de recepção. Nesse movimento, o destinatário deve ser colocado sempre em prospecção, isso é, deve ser projetado a todo momento para que o texto traduzido atenda às suas expectativas”, explica.

Os estudantes Eduardo Elian Vicari e Maria Eduarda Albuquerque, que participaram do processo de tradução, são voluntários do CeLUFFS e bolsistas, e já haviam ministrado um curso de língua espanhola para a área da saúde: “Espanhol para fins específicos: a área da saúde em foco”. Portanto, já estavam previamente familiarizados com o vocabulário específico da área da saúde.

ESPERANÇA

Alessandra conta que teve um retorno bastante positivos dos professores e enfermeiras em sua avaliação final do relatório de atividades de estágio.

“Infelizmente não tenho um feedback da população, pois finalizei o material no final do meu estágio, então não consegui utilizá-lo, mas ele está disponíveis para ser utilizados pela unidade e pelas próximas acadêmicas que irão realizar o estágio no CSF Esplanada, que espero que consigam continuar esse projeto”, afirma.


Imagem em destaque: Alessandra Hoffmann. Foto: acervo pessoal




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