Dos 16 aos 74 anos: seis gerações de estudantes circulam pelos corredores da Ufes

Na Universidade Federal do Espírito Santo, 8% dos matriculados já passaram dos 40; depoimentos mostram que sempre é tempo de fazer faculdade


Por Adriana Damasceno, da Ufes | De Vitória (ES)

Com o início de mais um semestre letivo, começa também uma nova etapa na vida de milhares de futuros profissionais. Enquanto para alguns trata-se do prosseguimento de um caminho natural, para outros é um recomeço após anos afastados da vida estudantil.

Este é o caso de 1.539 estudantes de graduação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com mais de 40 anos de idade, pouco mais de 8% do total dos matriculados em cursos de graduação na Universidade.

Até o segundo semestre de 2022 (finalizado em fevereiro de 2023), a Ufes contabilizava 18.179 estudantes matriculados nos cursos de graduação presencial e 660 nos cursos oferecidos à distância.

Destes 18.839 alunos, 611 homens e 811 mulheres têm mais de 40 anos e 46 homens e 57 mulheres passam dos 60 anos de idade.

HUDSON FERREIRA, 74 ANOS

Hudson Ferreira está entre esses 46 homens.

Aos 74 anos e aluno de Ciência da Computação, ele apresenta a maior idade dentre todos os estudantes de graduação com matrícula ativa nos quatro campi da Ufes.

ISABELA E JOÃO PAULO, 16 ANOS

No extremo oposto, Isabella Oliveira e João Paulo Salamon são os dois estudantes mais novos a ingressar na graduação da Ufes neste semestre.

Com 16 anos, ambos estão iniciando os estudos em Jornalismo e Engenharia da Computação, respectivamente.

SHIRLEY, 43

E a estudante de Fonoaudiologia Shirley Sabino, de 43 anos, representa a parcela da população que, por questões pessoais, precisa adiar o sonho da graduação até a meia idade.

Além dos números de estudantes na graduação, a Ufes conta atualmente com 2.301 alunos matriculados no mestrado, 1.325 no doutorado e 176 realizando residência médica.

OPORTUNIDADE

A professora do Departamento de Serviço Social Cenira Oliveira explica que, em geral, pessoas que iniciam a graduação mais tarde não o fazem por opção.

Ela explica que, na maioria dos casos, os estudos são interrompidos devido a questões relacionadas à saúde, à necessidade de ingresso precoce no mercado de trabalho e à sobrevivência, própria ou de outros.

“A história de vida e a classe social determinam essas escolhas que, na verdade, não são escolhas. São determinações da condição de vida dos sujeitos”, avalia a docente, que é uma das coordenadoras da Universidade Aberta à Pessoa Idosa (Unapi), programa de extensão da Ufes que promove a educação continuada para pessoas a partir dos 60 anos.

ETARISMO

De acordo com a professora, ainda é comum haver preconceito com pessoas idosas no Brasil, o que é conhecido como etarismo ou idadismo.

“As instituições de ensino geralmente acolhem esses sujeitos, mas o mesmo nem sempre ocorre com a comunidade universitária. O preconceito existe e é muito forte e perverso”, sentencia ela.

Na Unapi, os estudantes têm uma disciplina chamada Velhice e Sociedade que, dentre outras questões, aborda o etarismo. “Trabalhamos, com frequência, o apoio e a inclusão dos idosos como parte integrante da sociedade”, ressalta a coordenadora.

Clique aqui para ler depoimentos de estudantes de várias gerações, da Ufes.


Imagem em destaque: mural da Ufes. Foto: divulgação Ufes




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