Estresse, ansiedade, pânico… O que está acontecendo com os estudantes?

Professora do Departamento de Psicologia da UEM constata agravamento de problemas entre universitários; aponta razões e ressalta papel do acompanhamento


Da Assessoria de Comunicação da UEM | De Maringá (PR)

Pressão na realização de atividades, cobranças de prazos, competitividade, convivência social e tantos outros desafios impactam diretamente na saúde mental dos acadêmicos que, segundo os especialistas, não vai nada bem, principalmente no período pós-pandemia.

O retorno às aulas presenciais elevou os índices de ansiedade entre os estudantes.

Alguns passaram a frequentar a universidade há pouco tempo, pois até então estavam acompanhando o curso pelo ensino remoto.

“A saúde mental dos nossos universitários anda muito preocupante e com essa situação da pandemia isso realmente se agravou”, constata a professora Lúcia Cecília da Silva, do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Ele explica o que acontece: “De repente, [os universitários] se veem jogados no ambiente físico da universidade, principalmente os calouros, que ainda não tinham tido essa experiência. O nível de ansiedade aumenta porque entrar para uma universidade muda muito. O peso da responsabilidade, a pressão das atividades, a cobrança por prazos e a convivência social que ficou muito prejudicada com o isolamento social. Eles estão se readaptando”.

A profissional explica que clínica de atendimento psicológico na UEM “há muitos casos de pessoas que estão chegando a ter crises de pânico porque não conseguem mais lidar com essa realidade, porque ainda coexiste o medo da covid, ainda coexiste a pressão e essa dificuldade de convivência social”.

Mesmo antes da pandemia, a saúde mental dos jovens já era objeto de estudo de vários pesquisadores.

A estudante do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UEM, Tiéli dos Santos Brazoloto, sob a orientação da professora Lúcia Cecilia, analisou oito artigos sobre o tema, publicados entre 2010 e 2018.

O levantamento apontou que a transição para a vida universitária pode levar a algum sofrimento psicológico.

O trabalho relata ainda que, de acordo com o a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), o suicídio é a segunda causa de morte de jovens de 15 a 29 anos de idade no mundo, faixa etária em que, geralmente, grande parte das pessoas está cursando o ensino superior.

Já no Brasil, o boletim do Ministério da Saúde de 2017, aponta que nessa faixa de idade o suicídio é a terceira causa de mortes entre os homens e a oitava entre as mulheres.

DIFICULDADES EMOCIONAIS

Para o relatório de 2018, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) entrevistou 420 mil estudantes universitários do país, 83% deles disseram ter dificuldades emocionais.

Ainda, 63% relataram ter transtorno de ansiedade; 32% alteração de sono ou insônia; 45% desânimo e desmotivação; e 10% ideação suicida.

A professora Lucia Cecilia diz que são dados que merecem atenção. “As mortes por suicídio aumentaram muito desde 2010. Nos últimos 12 anos, a taxa de suicídio na faixa etária de 15 a 29 anos dobrou, saiu de 3.5 para 6.5”, alerta.

ACOLHIMENTO

Na UEM, a questão vem sendo notada.

Alguns programas trabalham para minimizar os impactos que a vida acadêmica pode causar até mesmo antes do ingresso na universidade.

O programa de Orientação Profissional em Clínica do Trabalho, por exemplo, é realizado há oito anos.

Atende gratuitamente pessoas com necessidade de acompanhamento especializado com questões ligadas à escolha, atividade, ocupação e identidade profissional.

ENCONTROS

Os encontros são realizados semanalmente na Unidade de Psicologia Aplicada, ligada ao Departamento de Psicologia.

Nas sessões individuais são trabalhados os medos, dúvidas, inseguranças e ansiedades relativas ao momento da escolha profissional e inserção no mercado do trabalho.

As vagas são destinadas a pessoas com idade a partir de 15 anos. Período que geralmente se iniciam as preocupações com a futura profissão e a vida acadêmica.

O atendimento faz parte da formação profissional em Psicologia do Trabalho e é realizado por alunos do quinto ano do curso de Psicologia, supervisionados pelo docente responsável.


Imagem em destaque: estudantes universitários da UEM. Foto: divulgação UEM




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