Maurice Lègeard, o francês que se naturalizou caiçara e mergulhou na sétima arte

Há mais de 70 anos ele fundou o Clube de Cinema de Santos e construiu no litoral de São Paulo um dos mais ricos acervos


Por Wagner de Alcântara Aragão, especial para a Revista Intertelas | De Niterói (RJ)

Quando estávamos produzindo o documentário “(Des)embarque” – cuja narrativa baseia-se em relatos em torno da Estação Rodoviária de Santos, e sobre o qual já abordamos aqui – reencontramos a história de um personagem muito peculiar. E que tem muito mais a ver com o audiovisual do que propriamente com o terminal de ônibus.

É a história de Maurice Lègeard, figura marcante da cultura local pela dedicação ao cinema.

Em 1981, Maurice fundou a Cinemateca de Santos. Vizinha à rodoviária, na antiga Cadeia Velha, àquela altura – como hoje – um espaço cultural.

Não foi do próprio Maurice que ouvimos esse relato, afinal ele partiu desta vida em 25 de maio de 1997.

Quem nos compartilhou um pouquinho da vida do cinéfilo foi o escultor Elver Savietto, que nos anos 1980 mantinha seu ateliê também na Cadeia Velha.

Fosse nos tempos de hoje e aquele compartilhamento do lugar seria algo como um coworking. Essa proximidade entre ambos em suas rotinas de trabalho fez com que Savietto fosse testemunha ocular da paixão de Maurice pelo cinema.

“Ele tinha um acervo incrível. E estava sempre ligado nas novidades. Íamos tomar café na rodoviária e o Maurice passava na banca que existia ali, em busca de revistas. Tinha muito cuidado com tudo aquilo”, lembra-se o escultor.

Maurice era genial e irrequieto, mas acima de tudo uma boa pessoa, conforme as palavras do então colega de espaço cultural.

Nasceu na França, em 1925. Migrou para o Brasil em 1932, desembarcando na cidade de São Paulo, onde foi morar com uma tia.

Dois anos mais tarde, descia a Serra do Mar.

Instalou-se em Santos e na cidade praiana construiu sua trajetória e contribui sobremaneira para a preservação da memória do audiovisual santista, e por apresentar à cidade as novidades da sétima arte.

HÁ MAIS DE 70 ANOS

Em 1948, Maurice Lègeard fundou o Clube de Cinema de Santos, onde promovia sessões memoráveis, segundo os registros.

Contemporâneo de Patrícia Galvão e Plínio Marcos, entre outros artistas radicados na cidade, foi com eles protagonista da cena cultural local.

Insatisfeito com o Clube de Cinema, resolve constituir a Cinemateca de Santos, que existe até hoje, em uma casa no bairro Campo Grande.

Junto com o Cine Arte Posto 4 e o Museu da Imagem e do Som de Santos, a Cinemateca integra a rede de espaços para a difusão de obras e ideias de fora do circuito comercial.

Para saber mais sobre Maurice Lègeard, vale conferir esta matéria aqui do Juicy Santos.


Imagem em destaque: Maurice Lègeard e sua dedicação ao cinema. Foto: acervo Cinemateca de Santos




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