Ato lembra vítimas da repressão no navio Raul Soares, no Porto de Santos

“Sítio de Consciência Raul Soares Nunca Mais!” ocorre na segunda-feira, dia 24, 18h30, no cais das barcas para Vicente de Carvalho; embarcação foi ponto de prisão e tortura na ditadura pós 1964


Com informações do Comitê Popular de Santos por Memória, Verdade e Justiça | De Santos (SP)

Em 24 de abril de 1964 chegava ao Porto de Santos o navio Raul Soares, embarcação prisão da Marinha do Brasil.

Para o navio, a repressão instaurada no país depois do golpe militar deflagrado semanas antes (na virada de 31 de março para 1º de abril) levou sindicalistas e outros perseguidos políticos.

O local se tornou não só ponto de detenção como de torturas.

A fim de que esse episódio não seja esquecido com o tempo, e de que o cais onde a embarcação atracou se estabeleça como território de registro histórico, o Comitê Popular de Santos por Memória, Verdade e Justiça tem realizado, anualmente, um ato em data próxima a esse trágico aniversário.

É o “Sítio de Consciência Raul Soares Nunca Mais!”, realizado desde 2015 (exceto em 2020 e 2021, por causa da pandemia de covid-19).

Neste ano, tem-se, assim, a sétima edição do ato.

O VII Sítio Consciência Raul Soares Nunca Mais! vai ocorrer nesta segunda-feira, 24 de abril de 2023, às 18h30.

O ponto de concentração é a estação de barcas para Vicente de Carvalho, atrás da Alfândega.

À época do golpe de 1964, Santos era caracterizada por sindicatos fortes de trabalhadores.

A união era uma marca: as instituições se articulavam em um Fórum Sindical de Debates.

“A partir das atividades do Fórum, foram organizadas greves de solidariedade, que uniam trabalhadores de diversas categorias para lutar contra injustiças trabalhistas”, explica texto de divulgação do ato.

Depois do golpe, as lideranças sindicais locais começaram a ser perseguidas e presas.

“Com a desculpa de que faltavam vagas na cadeia, o ministro da Marinha solicitou a vinda de um navio-prisão para o Porto de Santos”, continua o material.

O navio foi atracado na Ilha Barnabé (que, da estação de barcas, situa-se na outra margem do estuário).

O texto informa: “sem qualquer condição de uso, a embarcação adernou e seus porões se encheram de água. As péssimas condições do navio foram usadas como meio de tortura. Muitas das vítimas deixaram o local com problemas crônicos de saúde, além dos danos morais e psicológicos”.

“Os criminosos da ditadura”, acrescenta o texto, “jamais foram punidos, e ainda são poucos os lugares de memória existentes em nosso país. Por isso o Sitio de Consciência Raul Soares Nunca Mais é tão importante”.

O manifesto termina dizendo ser preciso “lembrar da barbárie cometida em benefício da classe dominante, e dar voz àqueles que foram ‘de aço’ nos anos de chumbo”.


Imagem em destaque: capa do ‘Preto no Branco’, jornal de imprensa alternativa de Santos, em corajosa edição de denúncia




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