Três filhotes de onça-pintada são vistos onde uma, então perdida, foi solta

Pesquisadores tentam, agora, confirmar se o felino resgatado, há quatro anos, é de fato o pai; animais estão no Parque Estadual do Rio Doce (MG)


Da UFJF | De Juiz de Fora (MG)

Em 25 de abril de 2019, uma onça-pintada macho foi avistada no Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Capturada 17 dias depois, o felino foi levado para nova área florestal, mais ampla e segura.

A UFJF tornou público, exatos quatro anos depois (em 25 de abril último), um vídeo em que aparecem dois filhotes de onça-pintada.

O registro foi feito em janeiro de 2023, pela equipe de monitoramento no Parque Estadual do Rio Doce (sudoeste de Minas Gerais), local próximo de onde a onça de Juiz de Fora foi introduzida.

Reprodução do vídeo em que são vistos os filhotes. Foto: divulgação UFJF

Quando foi feito o vídeo, os filhotes estavam com cerca de um ou dois meses de idade.

Mais um filhote, de outra fêmea, com idade estimada de dois anos, também foi registrado.

As gravações são feitas por meio de armadilhas fotográficas, instaladas em árvores ou outros suportes, acionadas automaticamente por meio de sensores de calor e movimento.

TESTES PARA CONFIRMAÇÃO

No entanto, não há como afirmar se os novos animais são frutos de reprodução do felino que circulou em Juiz de Fora, pois é necessário realizar testes genéticos, para verificar a correspondência de DNA.

Quem explica é o professor Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Ele foi um dos responsáveis pela captura, no Jardim Botânico, e é coordenador de projeto de monitoramento de carnívoros de grande e médio porte, no Parque do Rio Doce, o “Carnívoros do Rio Doce – fase Onças do Rio Doce”.

OUTRO MOTIVO

Outro motivo que impede a identificação da paternidade a partir das imagens disponíveis, neste momento, é o fato de a onça que passou por Juiz de Fora, chamada de Juiz pela equipe do projeto, não ser o macho dominante no território, embora transite pela área onde está a fêmea.

O macho Kadu, que comanda a região estudada, também circula no local.

No total, a região do Parque possui 12 representantes da espécie, sendo três machos e seis fêmeas, todos adultos, e tês filhotes.

“Continuamos monitorando os animais no Rio Doce. O Juiz tem sido registrado sim. Mas não temos como afirmar se já conseguiu reproduzir ou não. Teríamos que fazer análises de genética com animais capturados, e não estamos com essa demanda de capturas”, afirma Azevedo.

ONÇAS DO RIO DOCE

O projeto “Onças do Rio Doce” é executado pelo Instituto Prístino, em cooperação técnica com a UFSJ, o Ministério Público de Minas Gerais e a Plataforma Semente.

Um dos vídeos mais recentes da onça que circulou pelo Jardim é datado de 2021 (ver aqui).

Outras gravações de felinos foram feitas, em 2022, mas ainda estão sendo analisadas, devido a entraves relacionados à pandemia.

COMEMORAÇÃO

Independentemente da paternidade, o registro de três novos animais da espécie, no local, é motivo de comemoração em termos demográficos, uma vez que esse felino é ameaçado de extinção.

Existem apenas cerca de 300 onças-pintadas vivendo na Mata Atlântica, conforme levantamento realizado em 2016.

SOBRE O PARQUE

O Parque Estadual do Rio Doce, localizado na região do Vale do Aço, em Minas Gerais, possui a maior área contígua de Mata Atlântica preservada do estado – o mesmo bioma do Jardim Botânico da UFJF.

São 35.976 hectares de área, sendo mais de 430 vezes maior do que o Jardim, de 82,7 hectares, e quase 100 vezes mais amplo do que a Mata do Krambeck inteira.

Na época, o local de introdução da onça não havia sido revelado para evitar mobilização em torno do animal, considerando a repercussão do caso.

PAINEL NO JARDIM BOTÂNICO

A aparição da onça no Jardim Botânico da UFJF mobilizou a comunidade.

Tanto que a instituição instalou um painel em resgata e registra a história.

A visitação ao local pode ser feita de terça a domingo, das 8h às 17h, com última entrada permitida até 16h. A entrada é gratuita e não precisa agendar.


Imagem em destaque: primeiros momentos da onça-pintada quando foi introduzida em nova área (Foto: Pedro Nobre/UFJF – 2019)




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