Copa dos Refugiados, um exemplo de que um outro mundo é possível

Realizado em Porto Alegre, torneio reuniu imigrantes da América Latina, África e Oriente Médio que vivem no Rio Grande do Sul

Por Flávia Faria, do site da Acnur

Cerca de 110 atletas refugiados e migrantes, de diferentes nacionalidades, divididos em oito equipes, deram um exemplo de solidariedade, espírito esportivo e integração cultural ontem na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. A Copa dos Refugiados, que foi sediada pela primeira vez na capital gaúcha, fez parte das comemorações de aniversário da cidade, passando a integrar o calendário oficial de comemorações da cidade.

O torneio de futebol, que tem como principal objetivo a integração sociocultural de migrantes e refugiados que escolheram o Brasil como seu novo lar, reuniu jogadores amadores do Senegal, Angola, Haiti, Venezuela, Colômbia, Peru, República Democrática do Congo, Síria e de outras nacionalidades, que vivem no Rio Grande do Sul. O sentimento predominante entre todos era a felicidade de jogar em um consagrado estádio e, acima de tudo, poder representar seus países de origem.

Para Fernando, refugiado da Colômbia que já vive há 14 anos no Brasil, essa foi uma experiência única não apenas pelas partidas de futebol, mas também pela oportunidade de interação entre todos os jogadores. “Todos estão se dando bem, estamos nos divertindo muito. Mas quando a gente entra em campo, jogamos para valer”, disse ele que não poderia ter descrito o evento de forma mais apropriada, “está sendo show de bola!”

A primeira edição da Copa dos Refugiados em Porto Alegre foi uma realização da Associação Antônio Vieira (Asav) em parceria com a agência de inovação social Ponto, que contou com o apoio do Acnur, a Agência da ONU para Refugiados, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e de entidades e organizações da sociedade civil. Além dos jogos, foram realizadas ações de inclusão social, digital, cidadã e trabalhista, assim como a entrega de brinquedos a crianças refugiadas.

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Para Karin Wapechowski, coordenadora da Asav, a realização da Copa dos Refugiados no Rio Grande do Sul é importante em vários aspectos, mas principalmente para fortalecer esse vínculo entre migrantes e refugiados junto à sociedade gaúcha. “O evento permite que a sociedade entenda que essas pessoas podem contribuir para o engrandecimento das empresas, e agregar valores às comunidades onde vivem por trazerem uma rica bagagem cultural”, acrescentou.

A equipe Coletivo, de Caxias do Sul, se sagrou a grande campeã desta edição. Formada por imigrantes senegaleses, o time disputou a final com a Colômbia que só foi definida após uma emocionante sequência de pênaltis. “Somos todos campeões”, afirmou Papeassane Isarr, integrante da equipe africana, ao erguer o troféu. A empolgação da torcida, que celebrava os gols marcados por todas as equipes, mostrou que o espírito de integração e solidariedade não estava só no campo.

A Copa dos Refugiados foi criada em 2014 pela ONG África do Coração e recebe o apoio do ACNUR desde então. Para Jean Katumba, refugiado congolês e diretor da instituição, “o futebol é uma forma de fazer com que pessoas de culturas tão diferentes sejam iguais”. Jean considera o Brasil um país acolhedor e que, como reflexo, tem refugiados de mais de 70 diferentes nacionalidades. O evento já teve três edições realizadas em São Paulo, que terá a quarta edição a partir do dia 02 de abril.

Além de São Paulo e Porto Alegre, o refugiado sírio e coordenador da Copa, Abdulbaset Jarour, afirmou que já estão planejando a realização do evento em Minas Gerais e também no Rio de Janeiro. Jean e Abdulbaset afirmaram ter sido uma grande honra terem realizado o evento no dia do aniversário de Porto Alegre e, como forma de reconhecimento, pediram ao prefeito da cidade, Nelson Marchezan, para entregar o troféu à equipe campeã.

O Acnur reconhece com muita satisfação a importância da Copa dos Refugiados como um exemplo de protagonismo e afirmação de autonomia por parte das pessoas refugiadas e espera que iniciativas semelhantes surjam a partir deste evento, ressaltando a importância do esporte como processo de integração.

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