Unindo elementos de improviso e consciência corporal, o jogo estimula a conexão entre crianças e seus familiares; docentes são de duas universidades públicas: UFMG e UFC
Da UFMG | De Belo Horizonte (MG)
O cotidiano de crianças com deficiência e suas famílias tende a ser atribulado. Conscientes disso, duas professoras – uma da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e uma da Universidade Federal do Ceará (UFC) – desenvolveram um recurso em forma de baralho, com foco nas crianças com paralisia cerebral.
O primeiro volume de jogos de danças diversas não é mais uma terapia ou tarefa, mas sugere momentos de conexão e intimidade entre crianças e seus familiares.
Desenvolvido com recursos do edital Funarte Retomada, o baralho é uma criação coletiva das professoras-artistas de dança Graziela Andrade e Anamaria Viana, da UFMG, e Rosa Primo, da UFC, com participação do nipocanadense Yuji Oka. Ele é fundador do Spiral Praxis, método somático que explora a relação corpo-mente.
No desenvolvimento do projeto, crianças e familiares participaram de oficinas com os artistas, nas quais puderam explorar as possibilidades de movimento individuais com base nos desejos e nas potencialidades de cada um.
Pelas mãos da ilustradora Helô Barbi, cada criança tornou-se um personagem literário.
O baralho compartilha vivências e apresenta ideias de movimentos para estimular os familiares a se cuidar e a brincar com as crianças – o que não é óbvio para a realidade delas.
O material foi traduzido para a língua de sinais brasileira e será distribuído gratuitamente em escolas municipais de educação básica, a fim de que o recurso pedagógico auxilie educadores a lidar com os desafios da inclusão.
COMO É O JOGO
A dança é o ponto de partida da criação das cartas, que unem elementos como ritmo, improviso, ritmo, consciência corporal e alongamento na concepção do jogo.
São quatro categorias de cartas coloridas que contêm versos, rimas e provocações para estimular as crianças e seus cuidadores a conhecer o espaço e dialogar com o tempo por meio da dança.
O primeiro passo é “preparar”.
As cartas azuis sugerem organizar o espaço de trabalho e a atenção com os corpos envolvidos. Mas antes de começar a jogar e a se dedicar ao outro, é preciso cuidar de si. Para isso, as cartas amarelas (aprontar) sugerem pensar e treinar a respiração, o toque e a presença. São atividades que podem ser realizadas em qualquer tempo e lugar.
Com tudo pronto, é hora de “dançar”.
As cartas verdes apresentam o trabalho feito com as crianças durante o desenvolvimento do jogo.
Nele foi criado um universo de inspiração e movimentos baseados nas potencialidades de cada criança e suas predileções pelos objetos e propostas apresentadas.
Por fim, têm-se as cartas vermelhas: “aplaudir”.
Elas apresentam a equipe que realizou esse trabalho.
Há também entrevistas com algumas das famílias participantes, em que elas contam suas histórias e os desafios relacionados à criação de crianças com deficiência no Brasil.
Recomenda-se conhecer o baralho a partir dessa ordem e, em seguida, jogar livremente conforme o tempo e a disposição. Cada carta apresenta um QR code que dá acesso a vídeos com trechos das danças e dicas para toda a família.
O jogo foi publicado pela Editora Acolá, que já prepara a edição do próximo volume, dedicado a crianças do espectro autista.
A Acolá visa dialogar com todas as crianças, incluindo em seu catálogo livros que tratam de inclusão e temas correlatos e promovem o interesse e a representatividade de crianças de diversas etnias, credos, lugares e classes.
Imagem em destaque: grupo participante da oficina. Foto: Gilberto Goulart/ divulgação UFMG
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