Para se planejar: os produtos e serviços a encarecer o custo de vida

Aumento no preço dos combustíveis; da tarifa de ônibus em algumas cidades; gás e água e esgoto está exigindo mais das famílias, para que o orçamento doméstico dê conta


Por Caio Belandi, da Agência IBGE Notícias | Do Rio de Janeiro (RJ)

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou alta de 0,93% em março, 0,45 ponto percentual acima de fevereiro, 0,48%.

É o maior resultado para um mês de março desde 2015, quando o índice foi de 1,24%.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 aponta alta de 5,52%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em março.

O maior impacto (0,76 p.p.) e a maior alta (3,79%) vieram dos Transportes, que aceleraram em relação a fevereiro (1,11%), sobretudo em decorrência do aumento nos preços dos combustíveis (11,63%).

O maior impacto individual no índice do mês (0,56 p.p.) foi da gasolina (11,18%), cujos preços aumentaram pelo nono mês consecutivo. Também houve altas no etanol (16,38%), no óleo diesel (10,66%) e no gás veicular (0,39%).

ÔNIBUS E TREM

O subitem ônibus urbano (0,42%) teve alta em consequência do reajuste de 8,70% no preço das passagens em Recife (7,14%), vigorando desde 7 de fevereiro.

Já o trem registrou aumento de 1,61%, influenciado pelo reajuste de 6,38% no preço da passagem no Rio de Janeiro (4,26%), a partir de 23 de fevereiro.

Ainda em transportes, no lado das quedas, transportes por aplicativo (-2,38%) e passagens aéreas (-2,01%) apresentaram recuo, porém menos intenso do que em relação a fevereiro, quando registraram -9,16% e -2,54%, respectivamente.

CUSTOS DOMÉSTICOS

O segundo maior impacto do IPCA-15 de março foi do grupo Habitação, com alta de 0,71% e contribuição de 0,11 p.p. no resultado do mês.

Destaque para o gás de botijão, que aumentou 4,60% e adicionou 0,05 p.p na pesquisa. É o 10º mês consecutivo de alta.

Gás encanado (2,52%) e taxa de água e esgoto (0,68%) aceleraram em relação a fevereiro, quando registraram 1,19% e 0,45%, respectivamente.

No caso do gás encanado, reajustes em dois locais influenciaram o resultado: um de 3,50% no Rio de Janeiro (2,10%), vigente desde 1º de fevereiro, e dois em Curitiba (19,04%), sendo um de 8,07%, em vigor desde 1º de fevereiro, e um de 15,57%, a partir de 16 de fevereiro.

Em água e esgoto, a pesquisa também captou reajustes em Fortaleza (5,77%), de 12,25%, a partir de 29 de janeiro; e em Curitiba (3,78%), de 5,11%, em vigor desde 5 de fevereiro.

Ainda em Habitação, o item energia elétrica teve alta de 0,05%, frente à queda de 4,24% no IPCA-15 de fevereiro.

ALIMENTAÇÃO

O grupo de Alimentação e Bebidas variou 0,12%, desacelerando em comparação com fevereiro (0,56%).

Os alimentos para consumo no domicílio caíram 0,03% após sete meses consecutivos de alta, sobretudo por conta das quedas de tomate (-17,50%), a batata-inglesa (-16,20%), o leite longa vida (-4,50%) e o arroz (-1,65%).

No lado das altas, as carnes aumentaram 1,72%.

A alimentação fora do domicílio desacelerou em comparação com o mês anterior, registrando 0,49% em março frente 0,56% de fevereiro.

O índice foi influenciado pelo lanche (0,64%) e pela refeição (0,33%), itens que, em fevereiro, aumentaram 1,20% e 0,37%, respectivamente.

O único grupo em queda no IPCA-15 de março foi Educação, que caiu 0,51% após alta de 2,39% em fevereiro. Os demais grupos ficaram entre as altas de 0,02% em Comunicação e de 0,55% em Artigos de residência.

ALTA EM TODAS AS REGIÕES

Todas as regiões pesquisadas no IPCA-15 apresentaram alta no mês.

A maior foi na região metropolitana de Belém (1,49%), especialmente em função da gasolina (12,44%). A menor foi na região metropolitana do Rio de Janeiro (0,52%), influenciado pelas quedas do tomate (-21,73%) e da batata-inglesa (-16,91%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de fevereiro a 15 de março de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 15 de janeiro a 11 de fevereiro de 2021 (base).

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia.

A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.


Imagem em destaque: ônibus em Recife, cujo reajuste da tarifa impactou na inflação em março. Foto de Andrea Rego Barros/Prefeitura de Recife


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