Narcisismo patológico. Por Nayara Neves

Certa figura da República, já em 2011, no extinto CQC, demonstrava explicitamente quem era. Freud e Jung ajudam a entender: a saída é afastar


BOLSONARO E O NARCISISMO PATOLÓGICO
Por Nayara Neves | De Curitiba (PR)

Embora imersa nos assuntos políticos, que não dão descanso, principalmente no Brasil atual, me dedico sempre a fazer uma análise, da psique humana. Claro que sem formação em Psicologia, bagunço na minha cabeça as teorias do Jung, Freud e de outros psicanalistas que li aleatoriamente e aplico no dia a dia, silenciosamente, em pessoas e comportamentos que chamam minha atenção.

Obviamente, uma das pessoas que me chamaram muita atenção foi o presidente Bolsonaro. Mas isso não ocorreu em 22 de julho de 2018, quando ele lançou sua candidatura à presidência, mas em março de 2011, quando eu vi pela primeira vez, o então deputado de baixo clero, no extinto programa CQC, praticando racismo, homofobia e defesa da ditadura militar.

Eu, uma jovem estudante de jornalismo, de 19 anos, não era ingênua e sabia que o racismo e a homofobia existiam, mas não esqueço do meu impacto e a incredulidade, ao ver uma pessoa destilando todo seu preconceito de maneiras tão explicitas, principalmente um “representante do povo”. Depois disso, o meu conceito sobre ele foi só ladeira abaixo. Os motivos são dezenas, quiçá centenas de declarações de ódio, espalhadas por ele até galgar à presidência.

Há alguns dias, navegando no Youtube, me deparei com um vídeo muito interessante do psiquiatra Marco Antonio Abud, que falava sobre narcisistas na pandemia.

No vídeo, ele explica que em certo grau, todos temos um pouco de narcisismo, mas a expressão que me prendeu à explicação foi: narcisismo patológico. Segundo ele, quanto maior o narcisismo, maior o impacto em fazer os outros sofrerem. Abud afirmou que esse tipo de narcisista não tem conexão pessoal com sentimento das outras pessoas.

Quando ele discorreu mais sobre o tema, vi que o presidente se encaixava completamente na descrição de narcisista patológico. Ele apontou que as principais características eram a falta de empatia crônica, necessidade de atenção o tempo todo, egoísmo e arrogância.

Após essa fala, “diagnostiquei” Bolsonaro com narcismo que o médico abordava. Baseada nessas informações, mesmo sem cursar psicologia, é completamente perceptível que o presidente se enquadra em todos esses atributos.

Em seguida, o psiquiatra embasou ainda mais minha tese falando sobre o narcisista no contexto da pandemia. “Eles têm aquela certeza de que eles sabem mais sobre esse vírus, sobre essa condição, sobre a economia do que os especialistas. Então, eles têm uma certeza muito maior do que os outros, mesmo não tendo uma especialização para isso. Muitas vezes eles interpretam a pandemia como uma coisa focada neles. Uma coisa pessoal”. Disse ainda, que a pessoa pode tomar o vírus como uma conspiração contra ela. Na hora, suspeitei que o nome Bolsonaro passou pela cabeça do médico. Mas é claro, isso é só uma suposição minha.

Ele informou também que quando contrariado, o narcisista pode se tornar muito raivoso e chega a abandonar pessoas. Talvez isso explique porque Bolsonaro abandonou tantos partidos e companheiros, deixando muitos à míngua, sofrendo com a tirania dos bolsonaristas mais aplicados e ataques robôs na internet.

Para finalizar, Abud apontou cinco características para facilitar a identificação dos narcisistas patológicos:

  1. A pessoa te deixa cansando emocionalmente;
  2. Constantemente está procurando ser o centro das atenções;
  3. Distorce fatos, histórias, para sair como mais inteligente, querendo um enaltecimento;
  4. É obcecada com a imagem física. (Não vamos esquecer do histórico de atleta do presidente e o uso de uma máscara com o seu próprio rosto);
  5. As relações sempre têm um interesse, um objetivo em troca. Quando ela não consegue o objetivo, descarta a pessoa.

Se você, como eu, conseguiu associar o Bolsonaro a todas as perguntas, bingo! Também identificou um narcisista patológico.

Tirando as minhas esperanças, o médico pondera que quadros importantes de narcisismo, mesmo com terapia, melhoram de uma forma muito lenta. Ele aconselha que talvez o melhor passo para quem se relaciona com narcisistas, seja colocar um limite e se afastar.

Não estamos com muita escolha, aliás esse afastamento está nas mãos do Congresso, mais precisamente do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que tem em mãos 35 pedidos de impeachment e está calculando o risco político, mas esquece de calcular a quantidade de mortos pelo Covid-19 e quantas pessoas vão perder a sanidade mental nesse caos político.

Ao Bolsonaro, vale lembrar, que na mitologia grega, Narciso, definhou olhando para o próprio reflexo nas águas de um rio.


Imagem em destaque: Freud e Jung, em montagem de fotos oficiais dos estudiosos da psique.


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