Abaixo-assinado defende a Feira Nacional da Reforma Agrária

Confira como se somar à luta contra a proibição, pelo governador de SP, do evento que oferece alimentação saudável e é oportunidade de renda para agricultores familiares

Por Lu Sudré, do Brasil de Fato | De São Paulo (SP)

A decisão do governador João Agripino de Costa Dória Jr. de proibir a realização da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária no Parque da Água Branca, localizado na zona oeste da cidade de São Paulo, não agradou os moradores da região.

Um abaixo-assinado online pedindo que o governador do PSDB reveja a decisão foi criado na última segunda-feira (dia 8) e já conta com quase 8 mil assinaturas.

A petição argumenta que a feira organizada pelos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se consolidou como um dos principais eventos públicos de São Paulo e que merece um local adequado para acontecer.

[Além disso, diversos outros atores da sociedade – lideranças, instituições – têm se manifestado contra decisão de Dória que impede o acesso da população a comida saudável, e impede que os agricultores do MST comercializem a produção fruto de intenso trabalho na lavoura]

MORADORES PROTESTAM

Haroldo Ceravolo, morador de Perdizes e criador do abaixo-assinado, afirma que as edições anteriores da feira foram muito bem recebidas.

Os números comprovam: no ano passado aproximadamente 260 mil pessoas passaram pelo parque, onde foram vendidas 420 toneladas de alimentos e 1,5 mil produtos diferentes.

“São Paulo tem poucos espaços ligados à agricultura familiar e alimentação sem ou com menos agrotóxicos. Essa feira organizada pelo MST se tornou rapidamente uma referência nesse espaço. Muitos dos meus vizinhos de bairro que frequentam o Parque da Água Branca gostariam que ela se repetisse lá”, diz Ceravolo.

EVENTO DE INTERESSE PÚBLICO

A professora Bianca Adami Romero também compareceu às três edições da Feira e defende que ela aconteça no Parque da Água Branca por ser um evento de interesse público. Entusiasmada, ela elogia a qualidade e pluralidade dos produtos agroecológicos do MST.

“Todas as vezes escolhi escolher uma coisa que eu gosto muito e que é difícil comer aqui em São Paulo. Comi maniçoba, acarajé, coisas gostosas de Goiânia. Foi muito legal. Além de fazer a compra anual de grãos e também do que tinha de frutas”, lembra Romero.

Moradora da zona oeste da cidade, Bianca considera que a produção orgânica é cada vez mais importante para a saúde dos brasileiros e justamente por isso que a decisão deve ser revertida.

“O governo de João Dória tem a obrigação de reconsiderar essa decisão em respeito ao trabalho dos assentamentos do MST e a população paulistana, uma vez que temos direito de produzir produtos orgânicos, sem veneno. Já é um evento tradicional da cidade, além de serem produtos que tem uma responsabilidade social com a reparação histórica da desigualdade do Brasil”.

O fácil acesso e o próprio ambiente do parque também fazem com que os moradores da região queiram que a 4ª edição da feira do MST aconteça no Parque da Água Branca. Isso porque além da comercialização de produtos sem agrotóxicos, a população que frequentou a feira encontrou muito mais: Shows, debates públicos e apresentações culturais.

“Fui em todas as edições da feira. Acho super legal, uma experiência muito rica porque se entra em contato com produtores do Brasil inteiro que trazem produtos que não encontramos geralmente. É uma troca de experiência, com toda essa parte cultural. É uma experiência maravilhosa”, conta Pedro Nabuco, conselheiro participativo municipal da Lapa, que engloba também os bairros da Barra Funda, Perdizes, Vila Leopoldina, Jaguaré e Vila Jaguara.

Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo alega que o veto ocorreu porque seu Conselho Gestor avaliou que as estruturas do local não comportam mais o evento. A secretaria acrescenta que alternativas como os parques da Juventude e Ecológico do Tietê foram oferecidas.

No entanto, segundo o MST, as ofertas não atendem as demandas da feira. O movimento afirma estar buscando outras opções junto à Prefeitura, mas que o único espaço que congrega o conjunto das necessidades da feira, incluindo acessibilidade e estrutura, é o Parque da Água Branca.

IMPLICÂNCIA IDEOLÓGICA E POLÍTICA DE DÓRIA

Na opinião de Pedro Nabuco, a decisão do governo foi motivada por razões políticas.

“Fico muito triste que tenha sido vetado obviamente por questões ideológicas e não por qualquer outro motivo. Lá acontecem inúmeros eventos ao longo do ano, e esse seria mais um. Não tem nenhum motivo para não ser. É uma questão ideológica”, destaca.

“O que enxergo é que a motivação é política, ignorando que há um trabalho de produção de alimentos saudáveis, bons, e buscando outro modelo de produção alimentar, mais inclusivo. Aqui no meu bairro vários moradores estão comentando e falando sobre isso. Em grupos de Whatsapp, todo mundo está compartilhando o link do abaixa-assinado. Acho que temos que tentar, pelo menos, constranger e mostrar que a população não está de acordo com essa decisão tomada”, complementa o conselheiro.

Bianca Romero considera que o veto à realização da Feira no Parque da Água Branca é um desrespeito com o MST e com a população da cidade de São Paulo, que de acordo com ela, se beneficia dos resultados do evento. “Claramente o atual governador não apoia esse movimento que se diferencia das grandes redes da indústria de alimentos que só vende comida envenenada pra gente”, critica.

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Imagem em destaque: movimento em edições anteriores da Feira Nacional da Reforma Agrária. Divulgação MST



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