Os tabus, tema do Curta Santos

Exibição de mais de 50 filmes (incluindo obras africanas de países que falam português); debate sobre o futuro do audiovisual e oficinas compõem a programação da 15ª edição do Festival de Cinema de Santos, de 17 a 23 de novembro, na Baixada Santista

Por Wagner de Alcântara Aragão, com informações do Curta Santos

Em sua 15ª edição, o Curta Santos – Festival de Cinema de Santos vai marcar presença nas salas de cinema e espaços públicos de Santos, Cubatão e Guarujá com uma extensa programação, que contempla 51 filmes além de oficinas, debates, bate-papos, encontros temáticos, exibição de videoclipes e apresentações musicais ao vivo.

O evento, consolidado no calendário cultural da cidade, será realizado entre os dias 17 e 23 de novembro e pretende discutir “tabus”, propondo aos realizadores uma reflexão acerca do que vivemos no tempo presente: da crise política à questão indígena, do assédio à homofobia, passando pela violência contra a população trans, ataques aos museus e obras de arte, injustiça social e tantos outros.

“Em 2002, quando começamos, o panorama no país era outro. Hoje acompanhamos entusiasmados leis que garantem políticas públicas para um setor em constate evolução, mas gostaríamos de celebrar isso num contexto diferente. Não podemos esquecer que peças de teatro têm sido proibidas, gêneros musicais sofrem tentativas de criminalização pelo Senado e, regionalmente, manifestações culturais têm sua realização dificultada por decreto”, avalia o diretor artístico do festival, Junior Brassalotti.

NOVE ESTADOS

O tema “tabu” pautou as escolhas da organização do Festival tanto nas mostras especiais quanto ao definir os 38 curtas de nove estados selecionados para as mostras competitivas, que serão exibidos no Cine Roxy 5, no Gonzaga, e no Cine ZN, no Centro Cultural da Zona Noroeste. Vale mencionar que os próprios realizadores locais também participaram deste processo, ao realizar pelo segundo ano consecutivo uma curadoria coletiva para a categoria Olhar Caiçara.

Para democratizar ainda mais sua existência, o festival amplia sua ocupação em caráter descentralizado, da Orla aos Morros, do Centro à Zona Noroeste, sempre com sessões e atividades totalmente gratuitas.

PROGRAMAÇÃO

A cerimônia de abertura será em espaço aberto no Emissário Submarino, na sexta-feira, dia 17. Desde o período da tarde, serão realizadas atividades como aulas ao ar livre, performances e shows, culminando com a exibição de filmes, videoclipes e curtas vencedores de edições anteriores.

Jean-Claud Bernardet, homenageado. Foto: Universo Produção

A partir do dia 18 e até o dia 23, ocorrem as mostras especiais, que trarão um recorte bastante significativo da produção nacional recente. A lista de longas-metragens inclui: “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, uma contundente abordagem ao proletariado gay; “Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava”, de Fernanda Pessoa, releitura dos tempos do regime militar a partir de pornochanchadas; e o encontro de Paulo José e Laura Cardoso em “Antes do Fim”, de Cristiano Burlan – cuja sessão contará com a presença do ator e roteirista Jean-Claude Bernardet, que receberá o Troféu Maurice Légeard por sua contribuição ao audiovisual.

E ainda “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé, em uma exibição histórica, que dialogará com seu próprio espaço de projeção: a Antiga Casa de Saúde Anchieta, um manicômio abandonado em Santos, hoje ocupação de moradia.

Já a seleção de curtas-metragens deve atrair a atenção de um público eclético e de todas as faixas etárias. Quatro animações destinadas ao público infantil circulam nas cidades na mostra Curta Matinê – “O Pequeno Monstro”, “Bola de Trapos”, “O Menino Que Sabia Voar” e “O Coração do Príncipe” -, enquanto a parceria com a Mostra das Minas (Mostra Livre de Cinema de Mulheres)resulta na exibição de “De Vez Em Quando Sou Marrom” e “Próxima”.

Dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP/UE) virão quatro obras que celebram os 25 anos da assinatura de seu acordo internacional de cooperação: “Hora Di Bai” (Cabo Verde), “Pá Nha Téra” (Guiné-Bissau), “Mina Kiá” (São Tomé e Príncipe) e “Tara Bandu” (TimorLeste). Uma rara oportunidade para mapear a produção cinematográfica do continente e mergulhar em sua cultura, questões sociais e até ambientais.


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