Em exposição, Iphan homenageia Vila Paranoá e as pessoas que construíram Brasília

Mostra gratuita fica em cartaz até 28 de outubro, na capital federal; abrigou grande parte dos trabalhadores que ergueram a cidade – pedreiros, carpinteiros, empregadas domésticas, vigilantes


Da Agência Gov | De Brasília (DF)

A sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), localizada em Brasília, recebe, até 28 de outubro, a exposição “Memória e afeto da Vila Paranoá – resgatar, preservar e difundir a memória dos moradores”.

A mostra, realizada em parceria com a Associação Cultural Jornada Literária do Distrito Federal, homenageia uma das comunidades mais importantes da história da capital brasileira.

A exposição reúne fotografias inéditas, depoimentos emocionantes de moradoras, documentos históricos, trechos do livro “Memória e afeto da Vila Paranoá” e recortes da imprensa da época.

O percurso expositivo destaca especialmente o papel das mulheres – em particular mulheres negras e idosas – como guardiãs da memória de um território que resistiu ao apagamento histórico.

A HISTÓRIA QUE NÃO PODE SER ESQUECIDA

Fundada em 1957, a Vila Paranoá abrigou grande parte dos trabalhadores que ergueram a capital federal – pedreiros, carpinteiros, empregadas domésticas, vigilantes.

Localizada entre o Lago Sul e o Lago Norte, a comunidade foi removida do local em 1989, mas sua história permanece viva na memória afetiva de quem viveu ali e na identidade cultural do Distrito Federal.

FOTOGRAFIAS INÉDITAS

Entre os destaques estão as fotografias inéditas de Cláudio Acioly Jr., arquiteto e fotógrafo que documentou as casas de madeira, as ruas de terra e a resistência cotidiana dos moradores.

As imagens mostram um Brasil que construía sua capital moderna enquanto vivia em condições simples, revelando a contradição entre o projeto modernista e a realidade dos trabalhadores.

A mostra também apresenta registros do processo de criação do projeto, que envolveu oficinas, rodas de conversa e visitas ao território.

Esses materiais ressaltam a importância do Arquivo Público do Distrito Federal e da preservação documental para manter viva a história da capital.

PROFESSOR QUE TRANSFORMOU VIDAS

A exposição também homenageia o professor Nelson Ramos Filho, figura marcante na história da Vila Paranoá.

Nos anos 1980, ele atuou como instrutor de Educação Artística no antigo Centro de Ensino da Vila e revolucionou a forma de educar na comunidade.

Com uma abordagem inovadora, Nelson Ramos usava a arte para promover pensamento crítico, cidadania e consciência social entre os estudantes.

O professor criou o musical “Alô, Alô, Paranoá”, baseado em conversas coletadas no único orelhão da comunidade, transformando o cotidiano em arte e crítica social.

Também trabalhava temas como reciclagem, racismo e direitos sociais muito antes de serem amplamente debatidos na educação brasileira.

Seu legado foi tão profundo que um grupo de ex-alunos e moradores está promovendo um abaixo-assinado para que o Centro de Ensino Fundamental 01 do Paranoá receba o nome de Professor Nelson Ramos Filho, eternizando sua contribuição à comunidade.

MEMÓRIA VIVA DE BRASÍLIA

A exposição é um convite para conhecer uma Brasília além dos monumentos e da arquitetura modernista – a Brasília das pessoas comuns que com seu trabalho e sua história tornaram possível a construção da capital

É também um alerta sobre a importância de preservar essas memórias antes que desapareçam com o tempo.

Serviço
Exposição: “Memória e afeto da Vila Paranoá – resgatar, preservar e difundir a memória dos moradores da antiga Vila Paranoá”
Período: 6 a 28 de outubro de 2025
Horário de visitação: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Local: espaço de Exposições do Iphan em Brasília | SEPS 702/902, Torre A, Centro Empresarial Brasília 50 – Asa Sul | Térreo
Entrada: gratuita
Realização: Associação Cultural Jornada Literária do Distrito Federal e Iphan



Imagem em destaque: painel da exposição enfatiza protagonismo das mulheres da comunidade. Foto: Guilherme Gomes/ Iphan


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