Obra, feita a partir de práticas no Hospital-Dia Psiquiátrico da USP em Ribeirão Preto. pode ser baixada gratuitamente
Por Brenda Marchiori, do Jornal da USP | De Ribeirão Preto (SP)
É possível uma atuação responsável e ética no atendimento a pessoas que convivem com um familiar em sofrimento mental?
É o que questiona o livro “A comunicação dialógica na prática das reuniões familiares em saúde mental”, lançado pela editora Pedro & João Editores e disponível gratuitamente em formato de e-book, neste link.
De autoria da psicóloga e terapeuta Carla Guanaes-Lorenzi, professora do Departamento de Psicologia e coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Estudo em Práticas Grupais (LAPEPG) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da Universidade de São Paulo (USP), e do psicólogo Pedro Martins, a obra propõe “algumas ações úteis para a estruturação de trabalhos com famílias em saúde mental”, adianta Carla.
DIÁLOGOS
A professora conta que o livro foi escrito com o intuito de contribuir com profissionais de saúde que trabalham junto a famílias que convivem com o sofrimento emocional e que desejam, na prática cotidiana, “estabelecer diálogos que gerem novas possibilidades e recursos para a ação”.
Essas ações, continua Carla, referem-se “tanto à organização do trabalho no interior da própria equipe profissional, visando ao diálogo interdisciplinar, quanto ao desenvolvimento de reuniões dialógicas com as famílias que procuram por nossa ajuda profissional, sustentadas na horizontalidade, aprendizagem mútua, escuta e responsividade”.
Os autores, afirma a psicóloga Marilene Grandesso, que escreveu o prefácio do livro, “assumem um posicionamento político e ético apresentando uma compreensão psicossocial, denunciando discursos sociais presentes em práticas de exclusão de pessoas em sofrimento mental”.
EXPERIÊNCIA EM HOSPITAL
A obra foi elaborada com base no caminho percorrido pelos autores em conjunto com os profissionais do Hospital-Dia Psiquiátrico (HD) do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, no atendimento de famílias que convivem com o sofrimento mental.
“Ao longo do livro, compartilhamos o que deu certo em nossa trajetória, mas não propomos um ‘modelo’ a ser adotado em qualquer contexto por profissionais de saúde. Diferentemente, esperamos que o livro seja lido como um convite para que profissionais de saúde criem modos de trabalho sensíveis e apropriados aos seus próprios contextos, assim conseguindo construir conversas respeitosas, criativas e generativas com as famílias que os procuram”, ressalta Carla.
CAPÍTULOS
O livro é composto dos capítulos “Família, cuidado e saúde mental”; “Construcionismo social e comunicação terapêutica”; “Pesquisando a prática com famílias em um serviço de saúde mental”; “Aspectos contextuais: a comunicação dialógica nas relações profissionais”; e “Aspectos responsivo-relacionais: a comunicação dialógica nas reuniões familiares”, nos quais os psicólogos descrevem as ações que contribuem com a comunicação dialógica entre as famílias e os membros da equipe de profissionais do hospital.
DIVERSIDADE
Por meio da trajetória de prática, pesquisa e estudo no campo da saúde mental, os autores defendem que “sustentar diálogos na ética da colaboração e valorização da diversidade presente no interior da própria equipe multidisciplinar é importante, e pode ser um primeiro passo para que o trabalho colaborativo com famílias também tenha sucesso. Entendemos que se a comunicação entre a equipe não se estabelece, o trabalho com as famílias pode ficar ainda mais desafiador. Por isso, o nosso livro é escrito como um convite ao diálogo”.
Imagem em destaque: capa do livro
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