A memória da Arol agora preservada no Museu Histórico de Londrina

Associação operária é uma das mais representativas do movimento negro no sul do Brasil, e as fotografias que ilustram sua trajetória passam para guarda especializada


Por Beatriz Coelho, da Agência UEL (O Perobal) | De Londrina (PR)

A direção do Museu Histórico de Londrina recebeu, no último dia 25, dezenas de fotografias da Associação Recreativa Operária de Londrina (Arol), que ficava na Vila Nova, organização negra criada na década de 1950.

A doação foi realizada por Luis Augusto do Nascimento, filho do advogado e economista Oscar do Nascimento (em memória) – um dos fundadores do clube Arol. Ele é considerado uma importante liderança do movimento negro em Londrina.

Fotografias da Arol. Foto: Agência UEL

Segundo Luis Augusto, o pai ficou com todo o material do clube após o falecimento do criador da Arol, Cypriano Manoel, em 1964.

Com o falecimento de Oscar em 2019, o filho então decidiu doar todo o arquivo para a Universidade Estadual de Londrina (UEL), à qual o Museu Histórico da cidade é vinculado.

Primeiramente, o material foi entregue ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), mas devido a preocupação com a conservação dos documentos, ficou acertado o repassado ao Museu Histórico.

Para a coordenadora do Neab, Maria Nilza da Silva, existe uma grande preocupação em preservar a história da população negra.

“A história de Oscar conta a história da população negra de Londrina. Há dificuldade na preservação da memória negra, que é a história do Brasil, e também de Londrina”, afirma.

Na avaliação da diretora do Museu Histórico de Londrina, Edméia Ribeiro, o material é de riqueza inestimável.

“Para o Museu, para a cidade, é de suma importância. Aqui é espaço para salvaguardar a memória, ainda mais das populações invisibilizadas, como a indígena, a negra e as mulheres”, defende.

De acordo com o professor Rogério Ivano, chefe do Departamento de História, do Centro de Letras e Ciências Humanas da UEL, o acervo é muito rico, que vai possibilitar novos estudos sobre a história cidade, como forma de “começar a equivaler as histórias de todas as pessoas que fizeram parte da criação de Londrina”.

Para ajudar na identificação de todas as fotografias, a irmã mais nova de Oscar, Maria Aparecida Ventura do Nascimento, vai colaborar com o Museu Histórico.

LIVRO “NEGRO EM MOVIMENTO”

Por sinal, a professora Maria Nilza da Silva é uma das autoras do livro “Negro em movimento: a trajetória de Doutor Oscar do Nascimento”, juntamente com Mariana Panta e Alexsandro Eleotério de Souza.

Publicado em 2014, o livro conta a história do advogado e economista a partir de relatos e arquivos pessoais.

Um dos destaques é a fundação da Arol, que teve importante papel para a comunidade negra, como local para debates, palestras e bailes. No espaço, localizado na Vila Nova, também foi construída uma escola de ensino fundamental para crianças da cidade.

Oscar do Nascimento lutou ativamente contra o preconceito racial e social.

Recebeu o título de cidadão honorário de Londrina em 2011 e conquistou o prêmio Zumbi dos Palmares em 2002.


Imagem em destaque: recebimento do acervo pela equipe do Museu Histórico de Londrina. Foto: Agência UEL




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