Tem mais de 50 anos? Atenção redobrada com a vitamina D

A deficiência dela prejudica a realização de atividades básicas diárias à medida que a pessoa vai envelhecendo, mostra pesquisa


Por Gisele Bicaletto, da UFSCar | De São Carlos (SP)

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) comprovou que existe relação entre a deficiência de vitamina D e o risco de incapacidade funcional em atividades básicas de vida diária em pessoas com mais de 50 anos de idade.

O estudo é fruto do mestrado de Mariane Marques Luiz, fisioterapeuta e atual doutoranda em Fisioterapia pela UFSCar, e teve a orientação de Tiago da Silva Alexandre, docente do Departamento de Gerontologia (DGero) da instituição.

A capacidade funcional é a habilidade que as pessoas apresentam para realizar as tarefas do dia a dia de forma independente.

A incapacidade, portanto, caracteriza-se pela dificuldade ou a impossibilidade de desempenhar atividades cotidianas como comer, se vestir, tomar banho, levantar, ir ao banheiro e andar.

Apesar de alguns trabalhos já terem demonstrado uma associação entre baixos níveis de vitamina D com o comprometimento da capacidade funcional de idosos, nenhum havia verificado se a deficiência de vitamina D é um fator de risco para o desenvolvimento da incapacidade.

“Assim, nossa pesquisa teve como objetivo analisar se a deficiência de vitamina D era um fator de risco para desenvolver incapacidade para atividades básicas, além de verificar se esse risco se dava de forma distinta entre homens e mulheres com 50 anos ou mais”, destaca o orientador da pesquisa.

O projeto acompanhou uma amostra de 4.814 participantes provenientes de uma base de dados do Elsa (English Longitudinal Study of Ageing), da Inglaterra, que integra, junto a outros estudos, o International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging (InterCoLAging), coordenado pelo professor Tiago Alexandre.

Para conduzir a pesquisa, foram selecionados somente indivíduos que não relataram dificuldade para realizar tarefas cotidianas.

Os selecionados foram classificados quanto aos níveis de vitamina D no sangue, como suficiente, insuficiente ou deficiente, e também foram coletados dados socioeconômicos e as condições clínicas dos participantes.

Após dois e quatro anos, esses indivíduos foram novamente avaliados para verificar se houve o desenvolvimento de dificuldade para realizar uma ou mais das atividades básicas da vida diária.

ENTRE HOMENS E MULHERES

De acordo com o docente da UFSCar, no final dos quatro anos de acompanhamento, os homens com deficiência de vitamina D tiveram um risco 44% maior de desenvolver incapacidade, quando comparados aos homens com níveis suficientes de vitamina D.

Por sua vez, as mulheres com deficiência de vitamina D tiveram um risco 53% maior de desenvolver incapacidade, quando comparadas às mulheres com níveis suficientes de vitamina D.

Alexandre explica que o envelhecimento é, frequentemente, acompanhado de uma redução nos níveis de vitamina D no sangue. Ele acrescenta:

“Devido à vitamina D possuir uma importante participação na manutenção da saúde dos ossos e músculos, a sua deficiência pode levar a prejuízos musculares como a fraqueza e a atrofia muscular. Consequentemente, pode haver o comprometimento da funcionalidade dos indivíduos mais velhos, repercutindo em dificuldade ou impossibilidade de realizar as atividades básicas da vida diária”.

O professor também indica que, apesar do risco de desenvolver incapacidade ser numericamente maior nas mulheres com deficiência de vitamina D quando comparadas aos homens com a mesma deficiência, não houve diferença estatística entre esses valores.

“Dessa forma, não é possível afirmar que existe diferença entre sexos na deficiência de vitamina D como fator de risco para incapacidade em ABVD”, esclarece Alexandre.

MONITORAMENTO

Como resultado, o professor destaca que a relação entre “deficiência de vitamina D e incapacidade é clinicamente relevante, pois os níveis de vitamina D podem representar um indicador precoce do comprometimento funcional, que representa um importante agravo para a saúde dos idosos”.

Assim, segundo ele, o adequado monitoramento dos níveis de vitamina D é uma estratégia para prevenir o desenvolvimento de incapacidade em idosos. A principal fonte de vitamina D é a exposição ao sol, mas, em alguns casos, pode ser indicada a suplementação.

PARTICIPAÇÕES E APOIO

O estudo também teve a participação de pesquisadores da University College London, do Reino Unido, e foi publicado recentemente no Journal of Nutrition. O projeto utilizou os bancos de dados do Elsa, que teve sua aprovação ética concedida pelo Comitê de Ética em Pesquisa Multicêntrica de Londres (MREC 2/1/91).

A pesquisa contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp -Processo N. 18/13917-3).


Imagem em destaque: ovos, cuja gema é fonte de vitamina D. Foto de Raquel Portugal/Fiocruz Imagens


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