50 anos do Tri: uma seleção de cinco camisas 10

Como o quinteto de ouro foi fundamental para o Brasil conquistar a Copa do Mundo do México, em 1970, e encantou o planeta com o futebol arte


Do site da CBF | Do Rio de Janeiro (RJ)

O 10 não é um número comum no meio do futebol, mas um símbolo de talento e referência. Normalmente, o craque do time é quem o tem às costas. É uma camisa pesada e que exige grande responsabilidade.

Há 50 anos, na Copa do Mundo do México, o dono dela na Seleção Brasileira era ninguém menos que Pelé.

Mas aquela equipe era tão especial que contava com outros quatro craques que tinham forte relação com a 10 e honravam tudo o que ela representava: Gérson, Tostão, Rivellino e Jairzinho.

Embora apenas o Rei tivesse o número no uniforme, a verdade é que Zagallo tinha cinco camisas 10 à disposição naquele time titular.

O grande mérito do Velho Lobo foi conseguir criar um esquema para colocar todos eles em campo e fazê-los renderem muito bem.

Um dos atletas que teve o posicionamento modificado para se adaptar ao time foi Rivellino. O então camisa 10 do Corinthians foi deslocado para a ponta esquerda. Problema para ele? De jeito nenhum.

– Era fácil jogar naquele time. Não à toa é, até hoje, considerada a maior Seleção de todos os tempos. Quando você joga com quem pensa igual a você as coisas se tornam mais fáceis, pois a margem de erro fica muito menor. O Pelé não errava, Tostão não errava, Jairzinho não errava, Gérson não errava… Todos eram craques. Então, ninguém teve dificuldade para jogar naquele time, pelo contrário – afirmou o camisa 11 do time de 1970, que viria a ser o 10 na Copa seguinte, em 1974.

As palavras de Rivellino fazem sentido quando se olha para a estatística da Seleção Brasileira no Mundial do México.

Gérson, que já tinha sido 10 no Botafogo e, à época, era 10 no São Paulo. Foto: acervo CBF

Dos 19 gols marcados, 17 saíram dos pés de algum integrante deste quinteto de ouro.

Foram sete gols de Jairzinho, quatro de Pelé, três de Riva, dois de Tostão e um de Gérson. Nos outros dois, assistências do Rei e do “Vice-Rei” (o mineiro Tostã).

O mineiro, aliás, foi outro que precisou mudar o posicionamento tático. O craque do Cruzeiro, que havia vestido a 10 da Seleção antes da Copa do México e era o 8 na Raposa, saiu do meio-campo e passou a atuar como centroavante, trajando a 9 e ficando mais próximo de Jairzinho. O Furacão, dono da 10 do Botafogo, destaca que era tanta qualidade que não tinha como dar errado.

– Foi a primeira Seleção no mundo a jogar com cinco números 10 e é, até hoje, uma grande referência ofensiva. Quem conseguiu introduzir isso foi o nosso maravilhoso treinador, Mário Jorge Lobo Zagallo, que soube nos posicionar e nós fomos nos desenvolvendo. Conseguimos através da nossa inteligência de saber jogar e praticando o futebol como ele deve ser jogado – acrescentou o Furacão da Copa, camisa 7 e artilheiro do Brasil no Mundial do México.

Para funcionar bem e superar as marcações adversárias, o segredo do setor ofensivo de Zagallo estava na variação. Com Clodoaldo e os cinco camisas 10, o time promovia uma adaptação rápida à marcação adversária e a quantidade de homens no meio-campo podia ser modificada.

Gérson explica como funcionava e, ao analisarmos, é possível perceber exatamente o que ele no lance do gol de Jairzinho sobre a Tchecoslováquia, o último da vitória por 4 a 1 na estreia.

– Eu e o Clodoaldo ficávamos. O Rivellino vinha como terceiro homem. Às vezes, nós jogávamos com cinco no meio-campo, porque vinham o Pelé e o Tostão, ficando só o Jair lá na frente. Quando a zaga vinha, o Jair entrava na diagonal e eu lançava. Quando a zaga não vinha acompanhando o Tostão e o Pelé, nós ficávamos só com dois no meio – declarou o camisa 8 do tricampeonato.

Reza a lenda no futebol que a mística da camisa 10 começou com Pelé, mas totalmente por acaso.

Na Copa do Mundo de 1958, a numeração do Brasil acabou sendo sorteada e a 10 ficou com o atleta do Santos. Como o então garoto comeu a bola na Suécia no que foi a sua apresentação para o mundo, a camisa passou a ser sinônimo de bom futebol e era iniciada ali uma trajetória de eterna magia relacionada ao número.

A Seleção Brasileira de 1970 foi tão incrível que conseguiu reunir o primeiro representante lendário da 10 e outros quatro grandes craques que honraram a história do número mesmo sem tê-lo às costas. Estava claro que ninguém seria páreo para eles no México. Cinquenta anos depois, a magia daquele time permanece através dos vídeos, fotos e suas maravilhosas histórias.


Imagem em destaque: Pelé, 10 no Santos e na Seleção; Tostão, que fazia 10 e 8 no Cruzeiro, e 9 na Seleção. Foto: acervo CBF.


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