Exposição e novo memorial celebram os 180 anos da Balaiada

Mostra ocorre em Brasília, na Câmara dos Deputados. Já o Memorial da Balaiada está em Caxias, um dos epicentros da revolta popular contra o sistema colonial

Por Wagner de Alcântara Aragão, com informações da Agência Câmara e da Prefeitura de Caxias (MA)

Uma exposição de artes visuais na Câmara dos Deputados, em Brasília, e a reforma do Memorial da Balaiada, em Caxias (MA), marcam as celebrações dos 180 anos de uma das mais emblemáticas revoltas populares contra o latifúndio e pela reforma agrária.

Trata-se da Revolta da Balaiada, ocorrida no território compreendido entre o que hoje é o Maranhão e o Piauí, entre os anos de 1838 e 1841.

Exposição em Brasília. Foto: Prefeitura de Caxias

Sacrificados pela miséria, pela escravidão; passando fome e sofrendo maus tratos, trabalhadores livres, camponeses, vaqueiros, sertanejos, quilombolas e escravos se rebelaram contra o sistema colonial concentrador de renda. Mais de 10 mil pessoas morreram nos confrontos.

A exposição na Câmara – denominada “Balaiada, A Luta sem Fim – 180 Anos da Revolta” – foi aberta no último dia 30 e fica em cartaz até 18 de julho. Está instalada no corredor de acesso ao Plenário Ulysses Guimarães, e pode ser visitada das 9 às 17h. A entrada é gratuita.

“‘Balaiada, A Luta sem Fim – 180 Anos da Revolta’ faz parte do projeto Histórias não Contadas, da Câmara dos Deputados, que pretende resgatar a memória de fatos que foram desprezados ou omitidos pela história oficial”, sublinha texto da Agência Câmara.

MEMORIAL NO MARANHÃO

Já o Memorial da Balaiada em Caxias, inaugurado em 1997, passou por reforma e, entre as novas instalações, conta agora com um mirante, no Morro do Alecrim, um dos epicentros da revolta popular. A entrega do novo espaço foi concluída mês passado.

Visitação no Memorial. Foto: Prefeitura de Caxias

O ponto é visitado por turistas e pesquisadores, mas também pela população local. “Uma reforma que veio valorizar a cultura caxiense e brasileira”, diz o morador Wanderson dos Santos, em matéria no site da Prefeitura de Caxias. “É muito lindo! Aqui retrata as coisas de antigamente, dos escravos e muitas coisas legais. Quem não conhece pode vir que é muito legal”, reforça outra moradora Mauriane de Sousa.

 

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SOBRE A BALAIADA | Fonte: Prefeitura de Caxias
A Balaiada foi motivada pelo descontentamento geral no período de 1838 a 1841, onde os escravos, vaqueiros, camponeses, a classe média e os próprios latifundiários estavam sentindo os reflexos da situação econômica crítica em que vivia o Maranhão naquele contexto.

O poder político era disputado por dois grupos da elite maranhense: os liberais exaltados, ou bem-te-vis, e os conservadores. Essa disputa resultou em confrontos sangrentos por todo o Maranhão. O conflito estourou em 1838, num confronto entre um dos partidários dos bem-te-vis, o vaqueiro Raimundo Gomes, e um político do grupo de fazendeiros conservadores. Aos poucos o movimento se espalhou pela província, que vivia uma situação de miséria.

Dentre os chefes da revolta estavam Raimundo Gomes (Cara Preta); Manoel Francisco dos Anjos Ferreira (Artesão – fazia cestos de vime e balaios) e Cosme (ex-escravo chefe de um quilombo). Negro Cosme, quando ocorreu a junção das diversas colunas de balaios na vila da Manga em março de 1839, levou para a revolta mais de 3.000 negros fugitivos.

Em Caxias a revolta da Balaiada ocorreu tanto no Morro do Alecrim, onde está simbolizada por meio das ruínas do quartel da Balaiada, como também por toda região central da cidade e nos arredores do Morro das Tabocas. Caxias foi palco da última batalha da revolta dos balaios, que lutavam por justiça social contra a opressão dos fazendeiros.

Após um ano de batalha, os balaios conseguiram tomar a cidade de Caxias, uma das mais importantes da província, onde estabeleceram o quartel-general. Mas com a nomeação de Luís Alves de Lima e Silva como presidente do Maranhão em 1840, o movimento foi reprimido duramente, deixando muitos mortos. Em Caxias, durante a retomada da cidade, morreu Manuel Francisco, o “Balaio”. Derrotados, muitos foram embora para o interior. Como prêmio, Luís Alves de Lima e Silva tornou-se “Barão de Caxias”.

Imagem em destaque: Memorial da Balaiada. Divulgação Prefeitura de Caxias


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