Duas formas básicas de prevenção do câncer do colo do útero

Esse tipo de câncer é o quarto mais comum entre as mulheres. Acompanhe as orientações e explicações dadas por ginecologista da Fiocruz

Por Juliana Xavier (IFF/Fiocruz) | Foto: Manuella Brandolff/Palácio Piratini

Com aproximadamente 530 mil novos casos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres e a quarta causa mais frequente de morte pela doença, sendo responsável por 265 mil óbitos por ano, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A prevenção pode ser feita de duas formas: por meio da vacina contra o HPV, recomendada pelo Ministério da Saúde, e pela forma tradicional, que consiste na realização do exame de Papanicolau. Quem explica é o médico Fábio Russomano, ginecologista da Área de Atenção Clínico-cirúrgica à Mulher e diretor do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

No Papanicolaou, também chamado de “preventivo” ou “exame de lâmina”, um profissional de saúde coleta material do colo do útero e coloca numa lâmina de vidro que, posteriormente, será enviada para um laboratório. Na hipótese de a análise indicar células anormais ao microscópio, dentre elas e as mais importantes, as relacionadas às lesões precursoras do câncer do colo do útero, a paciente é encaminhada para confirmação diagnóstica e tratamento. Todos os procedimentos são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“Detectada a possibilidade de presença de uma lesão precursora, a mulher deve ser encaminhada para colposcopia, exame ginecológico no qual um médico observará o colo do útero através de uma lente de aumento e em seguida, aplicará substâncias que irão ressaltar as alterações de superfície do colo do útero”, informa Fábio Russomano.

O médico continua: “Dependendo do grau de alteração, de sua localização e da presença de lesão de alto grau no exame Papanicolaou, esta lesão poderá ser retirada durante o primeiro exame, numa prática denominada ‘ver e tratar’. Em outras situações poderá ser necessária uma biópsia ou coleta de novo material para exame citopatológico ou uma pequena cirurgia para retirar uma parte maior do colo do útero, realizada pela vagina e em centro cirúrgico. São técnicas bastante conservadoras, que não implicam, geralmente, em prejuízos para a fertilidade e impedem que as lesões progridam para o câncer do colo do útero”, explica o especialista.

O exame de Papanicolaou deve ser realizado a cada três anos após dois exames normais com intervalo de um ano e entre os 25 e 64 anos. O exame deve ser evitado antes dos 25 anos pois, mais frequentemente, podem ser detectadas várias alterações reversíveis que poderiam implicar em exames e procedimentos cirúrgicos desnecessários com prejuízos para a saúde dessas jovens.

VACINAÇÃO

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, a vacina tetravalente contra o HPV para meninas de 9 a 13 anos de idade. Esta vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Atualmente houve uma atualização no público alvo da vacina, a partir de agora, ela passa a ser ofertada para meninos de 11 até 15 anos incompletos (14 anos, 11 meses e 29 dias). A ampliação da faixa etária tem como objetivo aumentar a cobertura vacinal nos adolescentes do sexo masculino.

Com a inclusão desse público, a meta para 2017 é vacinar 80% dos 7,1 milhões de meninos de 11 a 15 anos e 4,3 milhões de meninas de 9 a 15 anos. Também terão direito à vacina, homens e mulheres transplantados e oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia. Além disso, cerca 200 mil crianças e jovens, de ambos os sexos, de 9 a 26 anos vivendo com HIV/Aids, também podem se vacinar contra HPV.

O médico da Fiocruz ressalta que como há outros tipos envolvidos no desenvolvimento do câncer do colo do útero, meninas e mulheres vacinadas deverão manter a prática do exame de Papanicolaou para identificar alguma lesão precursora relacionada a tipos menos frequentes de HPV inexistentes nas vacinas atualmente disponíveis no Brasil. “Já está disponível em outros países uma vacina com nove tipos, que promete uma proteção de mais de 95% dos casos. No entanto, o mais importante é a cobertura vacinal, ou seja, atingir o maior número possível de meninas e isso tem sido um desafio para os envolvidos nessa ação. As vacinas contra HPV são seguras e eficazes, representando uma importante estratégia de prevenção”, assinala Fábio Russomano.

SOBRE A DOENÇA

O câncer do colo de útero está associado à infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18, responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. A infecção pelo vírus é muito comum e estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas, mas apenas 5% irão desenvolver alguma doença (lesões do colo do útero, condilomas e outras menos frequentes). Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos subtipos 16, 18 ou ambos. “Segundo dados do Inca, comparando esses números com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer cervical uterino”, explica o ginecologista .

É importante frisar que esse tipo de câncer tem desenvolvimento muito lento, de até 20 anos, e apenas aproximadamente 1% das mulheres terá uma lesão precursora que, se não for tratada, pode evoluir para o câncer, são chamadas de lesões intraepiteliais de alto grau. O câncer do colo do útero não costuma apresentar manifestações em sua fase inicial, porém, quando aparecem, a mais comum é o sangramento após relações sexuais.


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