Qualificar a atenção primária e ampliar acesso a informações confiáveis estão entre os objetivos da iniciativa. No Brasil, 8% da população feminina estão na faixa etária coincidente com essa fase
Por Mayra Malavé-Malavé, da Fiocruz | Do Rio de Janeiro (RJ)
Apesar de impactar as mulheres em algum momento da vida, a menopausa ainda é cercada de tabus, falta de informação e dificuldade de abordagem no sistema de saúde.
Para mudar esse cenário, a Fiocruz, do Ministério da Saúde, está preparando profissionais e atualizando o Manual do Climatério, diretriz nacional de referência no tema, publicado em 2008.
Quanto à qualificação, está sendo desenvolvido o curso “Cuidado da saúde durante a transição para menopausa e pós-menopausa na atenção primária à saúde”
O curso foi lançado nesta semana (1º de setembro), no Portal de Boas Práticas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Está disponível para todos os profissionais de saúde no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do IFF/Fiocruz.
Já a nova versão do Manual do Climatério tem previsão de lançamento em novembro.
Segundo a analista de Gestão da Coordenação de Ações Nacionais e de Cooperação do IFF/Fiocruz, Maria Teresa Massari, as iniciativas têm como objetivo qualificar o cuidado e ampliar o acesso a informações confiáveis, combatendo mitos e fortalecendo o acolhimento às mulheres nesta fase da vida.
“O grande diferencial é oferecer aos profissionais da atenção primária à saúde conteúdos baseados em evidências científicas consistentes. Assim, garantimos não apenas o tratamento adequado, mas também suporte físico, mental e social às mulheres que vivenciam essa transição”, afirma.
LINGUAGEM ACESSÍVEL E FOCO NA PRÁTICA
Estruturado em cinco módulos, o curso traz desde aspectos históricos e epidemiológicos até orientações práticas sobre diagnóstico, terapias medicamentosas e não medicamentosas disponíveis no SUS, estratégias de acompanhamento em situações de risco, além de capítulos dedicados a condições específicas, como rastreio ao câncer de mama, HIV e saúde da população LGBTQIAPN+.
O material também apresenta experiências na atenção primária à saúde e promove a educação em saúde, por meio da organização de grupos e estratégias voltadas para mulheres nessa fase.
MANUAL: DIRETRIZ NACIONAL MAIS ROBUSTA
O Manual do Climatério atualizado, por sua vez, contará com 16 capítulos, ampliando o escopo da edição anterior.
“Além de detalhar as condutas clínicas, trará recomendações para o cuidado de populações minorizadas, como mulheres indígenas, em situação de vulnerabilidade e outras especificidades de saúde”, explica Maria Teresa.
Ele está sendo construído com apoio de especialistas de todo Brasil, incluindo Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e Associação Brasileira de Enfermeiros de Família e Comunidade (Abefaco).
IMPACTO SOCIAL E PROFISSIONAL
Para além da esfera clínica, os materiais também dialogam com os efeitos sociais da transição para menopausa e pós menopausa, Maria Teresa destaca.
“Ao terem suas necessidades reconhecidas e atendidas pelos profissionais de saúde, as mulheres desenvolvem maior confiança para enfrentar os desafios dessa fase, tanto na vida pessoal quanto no mercado de trabalho”.
CUIDADO ÀS MULHERES NO SUS
A iniciativa integra a estratégia do Ministério da Saúde para fortalecer o cuidado às mulheres no SUS, levando informações qualificadas a profissionais de todo o país e promovendo mais acesso, acolhimento e empoderamento feminino.
A oferta do curso e a atualização do Manual do Climatério se complementam como estratégias fundamentais para qualificar a prática clínica dos profissionais de saúde e ampliar o cuidado integral às mulheres em transição para a menopausa e pós-menopausa.
Além disso, o curso por seu caráter autoinstrucional e gratuito, democratiza o acesso a conhecimentos atualizados e aplicáveis no cotidiano da atenção primária à saúde.
Por sua vez, o Manual do Climatério consolida-se como diretriz nacional de referência, visando desenvolver um padrão de condutas clínicas.
POPULAÇÃO NA MENOPAUSA
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de mulheres no Brasil, ou 7,9% da população feminina, estão vivendo na faixa etária da transição para a menopausa e pós-menopausa.
Apesar desse número expressivo, menos de 250 mil pessoas foram diagnosticadas pelo SUS.
Estudos publicados na revista científica Climatério mostram que 82% das brasileiras nessa faixa etária apresentam sintomas que comprometem sua qualidade de vida.
Entre essas pessoas, destaca-se a menopausa precoce, quando a perda das funções ovarianas ocorre antes dos 40 anos, um fenômeno que afeta diretamente milhões de brasileiras e que exige atenção especializada para minimizar impactos físicos, emocionais e sociais.
Imagem em destaque: foto de divulgação do curso da Fiocruz
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