Projeto de preservação de raias-manta desenvolve ações de conscientização, pesquisa e educação ambiental
Com informações de Nicole Zadorestki Caroti, da assessoria de imprensa do projeto | De Santos (SP) e Belém (PA)
O Projeto Mantas do Brasil, que atua na preservação das raias-manta (uma das maiores espécies de raia do mundo), apresentou na 30ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, saberes e experiências sustentáveis de comunidades pesqueiras do litoral de São Paulo.
Integrantes do projeto participaram do painel “Pesca artesanal e economia azul”, no Prédio da Economia Criativa, na Zona Verde. A COP 30 ocorreu entre os dias 10 e 21 de novembro, na capital paraense.
O Mantas do Brasil foi fundado há mais de dez anos em Santos.
Atua na preservação das raias-manta, uma das maiores espécies de raia do mundo. Desenvolve ações de conscientização, pesquisa e educação ambiental, e é uma realização do Instituto Laje Viva, ONG criada por mergulhadores indignados com a pesca e caça ilegal no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. A iniciativa conta com parceria da Petrobras e patrocínio da Autoridade Portuária de Santos (APS), empresa vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos do Governo Federal.
O PAPEL DAS COMUNIDADES PESQUEIRAS
No encontro na COP 30, especialistas destacaram experiências e reflexões sobre o papel das comunidades pesqueiras da costa paulista na construção de uma economia azul.
A equipe compartilhou histórias e análises que chamaram atenção para a importância do oceano nas estratégias climáticas atuais.
O debate, mediado por Ana Teresa Parente, teve a participação de Thiago Costa, do Projeto Costamar; Paula Romano, coordenadora geral do Mantas do Brasil; Letícia Schabiuk, coordenadora executiva do Mantas do Brasil; Quêner Chaves dos Santos, do Ministério da Pesca; Líder Gongorra, liderança dos Povos do Mar; e Luena Maria, representante dos povos indígenas.
Os painelistas discutiram caminhos para integrar o saber tradicional das comunidades à formulação de políticas públicas voltadas à economia azul e à conservação marinha.
UM PAINEL MARCADO PELA URGÊNCIA
O encontro ocorreu justamente no dia em que a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) atualizou a situação das raias-mantas na Lista Vermelha, elevando a espécie para a categoria “criticamente ameaçada de extinção”.
A notícia deu um tom ainda mais urgente às discussões.
“Foi um privilégio estar na COP 30, um evento mundial que coloca o oceano no centro das atenções, junto com as florestas. E isso se tornou ainda mais importante, porque recebemos a triste notícia de que as mantas passaram de ‘vulneráveis’ para ‘criticamente ameaçadas’. Precisávamos levantar essa bandeira aqui”, afirmou a integrante Paula Romano, coordenadora geral do Mantas do Brasil.
NARRATIVAS QUE ATRAVESSAM GERAÇÕES
Foi destacado o documentário Arrasta Maré, que retrata a prática de pesca de arrasto em Santos – técnica em que pescadores usam uma rede grande que é arrastada para fora da água, capturando os peixes que chegam com as ondas.
Trata-se de uma atividade que faz parte da cultura local, sendo explorada até em modelos de turismo sustentável. A obra ilustrou o impacto das transformações climáticas e socioeconômicas sobre práticas tradicionais.
“Essas histórias evidenciam que conservação e pesca não são lados opostos. São caminhos que podem coexistir quando construídos com quem vive do mar”, destacou a coordenadora executiva do projeto, Letícia Schabiuk.
O OCEANO COMO SOLUÇÃO
Durante o painel, pesquisadores e lideranças reforçaram que discutir mudanças climáticas sem falar do oceano significa ignorar 70% do planeta. Para Letícia, esse olhar finalmente começa a ganhar espaço.
“Foi emocionante participar de um evento dessa proporção. A COP 30 é global e diversa. Ter o oceano mais presente nesta edição é muito significativo. Se não o colocarmos no centro das discussões, não vamos alcançar resultados reais. Ele é parte da solução.”
MONITORAMENTO PARTICIPATIVO CHAMA A ATENÇÃO
Outro ponto que despertou interesse foi a apresentação do monitoramento das raias-mantas feito em parceria com pescadores do litoral de São Paulo.
Os relatos, registros e fotos enviados pelos próprios pescadores reforçam que o conhecimento tradicional é fundamental para estratégias de conservação.
“Esses parceiros conhecem o mar de um jeito que nenhum equipamento substitui. Essa troca mostra que é possível conservar e pescar de forma responsável, sem prejuízo para ninguém”, comentou Paula.
O PACOTE AZUL E NOVOS CAMINHOS
A discussão dialogou diretamente com o Pacote Azul, iniciativa global lançada na COP 30 para acelerar ações baseadas no potencial dos oceanos como reguladores do clima.
Para o Mantas do Brasil, a convergência entre a agenda internacional e a realidade da pesca artesanal no litoral paulista reforça que o Brasil tem muito a contribuir. “Foi essencial mostrar que a Baixada Santista tem muito a ensinar ao mundo. A triste notícia sobre as mantas reforça que precisamos falar, agir e incluir quem vive do oceano todos os dias”, concluiu Letícia.
REALIZAÇÃO DO PAINEL
O painel foi uma realização do Instituto RedeMAR Brasil, com participação do Projeto Costamar, parceria da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Edinburgh Napier University, ESECMJ, Parna do Cabo Orange/ICMBio e das colônias de pescadores Z-6 e Z-2.
Imagem em destaque: cena de Arrasta Maré
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