Estudo confirma: luta contra corrupção foi usada para fomentar reacionarismo

Pesquisadores da UFS mostram em artigo como o suposto combate serviu de estratégia político-eleitoral a partir de 2013


Por Mira Marques, da UFS | De São Cristóvão (SE)

Um estudo da Universidade Federal de Sergipe (UFS) mostra como a chamada “lutra contra a corrupção” no Brasil se tornou uma estratégia político-eleitoral que favoreceu a ascensão de grupos conservadores e de extrema direita.

De autoria dos professores Fernanda Rios Petrarca e Wilson José Ferreira de Oliveira, a pesquisa resultou no artigo “A luta contra a corrupção: estado da arte e perspectivas de análise”, publicado na Revista Civitas, edição 2020.

Os docentes são coordenadores do Laboratório de Estudos do Poder e da Política, do Departamento de Ciências Sociais da UFS.

No artigo, os professores buscam conceituar a corrupção enquanto um fenômeno sociológico, suas características, causas e consequências para a sociedade.

Segundo a linha de pesquisa do professor Wilson, a Sociologia é fundamental para entendermos como se dá a relação entre o sistema político brasileiro e a suposta luta contra corrupção no país.

No caso do Brasil, de acordo com as análises dos pesquisadores, a luta anticorrupção se tornou uma causa político-eleitoral, um meio para os grupos que eram contrários ao sistema de alianças do Partido dos Trabalhadores (PT) e os demais partidos que dominavam em meados de 2013 conseguissem destruir essas alianças e recompô-las aos poucos de modo a beneficiá-los.

O professor Wilson de Oliveira. Divulgação UFS

O professor Wilson explica:

“O antipetismo se tornou o principal elemento agregador de protestos contra a corrupção, de modo que a corrupção fosse um sinônimo de PT, o que traz uma série de consequências. Uma dessas consequências, é que grupos conservadores e de direita conseguiram maior poder e maior participação no Congresso, assunto que aproundo melhor no artigo.”

Dentro desse mesmo debate, a professora Fernanda comenta sobre uma outra pesquisa de sua autoria, também publicada na Revista Civitas, a qual mostra a importância de analisar a corrupção como um fenômeno social, que possui mecanismo próprio de funcionamento.

ERROS DA LAVA-JATO

No dossiê elaborado sobre o assunto, ela também aponta alguns equívocos na narrativa jurídica ocorridos na Operação Lava-Jato, em 2014.

Afirma a docente:

“Um ponto importante é romper um conjunto de abordagens que tendem a ver a corrupção como um patrimônio genético, culturalmente construído na sociedade e focar nos processos. Essas abordagens geralmente trazem uma análise muito moralista sobre o fenômeno, e nós buscamos, na verdade, analisar a corrupção como uma rede de trocas ocultas, qual a sua estrutura de governança e quais são os mecanismos que regulam e protegem esse sistema corrupto.”


Imagem em destaque: a professora Fernanda Petrarca, co-autora do estudo. Divulgação UFS



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