Ecumênica, ação deste ano defende povos indígenas; denuncia feminicídio e ataques à comunidade LGBTQI, e critica “necropolítica”
Por Andreia Verdélio, repórter da Agência Brasil | De Brasília (DF)
Por Igor Carvalho, do Brasil de Fato | De São Paulo (SP)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) lançaram nesta Quarta-Feira de Cinzas, 17 de fevereiro, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021.
“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” é o tema da campanha deste ano, que tem como lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”.
De acordo com o secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, a campanha será voltada ao diálogo para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual, em especial no contexto da política e da pandemia de covid-19.
“O vírus, já tão letal em si mesmo, encontrou aliados na indiferença, no negacionismo, no obscurantismo, no desprezo pela vida. Sejamos portanto aliados na responsabilidade, na lucidez e na fraternidade”, disse durante o lançamento virtual da campanha.
CUIDADO MÚTUO ENTRE AS PESSOAS
O bispo explicou que o tema do diálogo é uma continuidade da campanha de 2020, sobre cuidado mútuo entre as pessoas, e não se trata de “querer que todos pensem do mesmo modo”, mas de perceber que a diferença é convite ao diálogo.
“Perplexas pela pandemia, as igrejas que compõem o Conic e algumas igrejas observadoras uniram-se e identificaram nesse tema a mensagem que o nosso tempo necessita. É triste ver que nosso tempo vem apresentando a marca da radicalização, da polarização e desrespeito às pessoas, em especial às mais simples e vulnerabilizadas”, afirmou.
O texto da cartilha denuncia a “necropolítica” brasileira, defende os povos indígenas, critica os altos índices de feminicídio e pede que a população LGBTQI seja acolhida.
A Campanha da Fraternindade é realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa.
A cada cinco anos, a Campanha da Fraternidade é produzida de forma ecumênica, com a orientação de líderes de diversas religiões. A deste ano é a quinta versão ecumênica da história.
Em 2021, participaram a Igreja Católica, através da CNBB; Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Sirian Ortodoxa de Antioquia; Igreja Betesda; Aliança de Batistas no Brasil; Igreja Episcopal Anglicana; Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; Presbiteriana Unida; e o organismo ecumênico Ceesp.
PANDEMIA, MAPA DA FOME, DESEMPREGO
A pandemia da covid-19 é uma preocupação que norteia o texto. A Campanha da Fraternidade critica as igrejas que optaram por romper o pacto pelo isolamento social e mantiveram suas sedes abertas ao público.
“Se por um lado, parte das igrejas realizaram pressão política para permanecerem abertas, por outro lado, outras igrejas assumiram como testemunho de amor o cancelamento de todas as atividades presenciais, como forma de cuidado.”
A cartilha da Campanha da Fraternidade lamenta, ainda, “o retorno do Brasil ao mapa da fome, o desemprego massivo, o aumento de pessoas em situação de rua e a cultura de violência contra as mulheres”.
ANOS ANTERIORES
Desde 2000, a campanha abordou os seguintes temas: 2000 – “ Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”; 2005 – “Solidariedade e paz” e lema “Felizes os que promovem a paz”; 2010 – “Economia e Vida” e lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”; 2016 – “Casa Comum, nossa responsabilidade” (tratou do meio ambiente e saneamento básico) e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
De acordo com a CNBB, a Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a coleta de recursos para apoio a projetos sociais relacionados à temática da campanha.
Em 2019, o Fundo Nacional de Solidariedade distribuiu mais de R$ 3,8 milhões, atendendo a mais de 230 projetos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação.
CONTRA FAKE NEWS
A Campanha da Fraternidade 2021 vem sendo alvo de correntes conservadores. Fake news sobre o texto da cartilha estão circulando em grupos de whatsapp, entre outras redes sociais.
Neste material da Instituto Humanitas Unisantos (IHU), é possível conhecer melhor o texto da cartilha, e assim não cair na armadilha das mentiras que vêm sendo disseminadas.
Imagem em destaque: cartaz de divulgação da Campanha da Fraternidade 2021
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