“Sim, eu posso!”, o método cubano de combate ao analfabetismo

Metodologia vem sendo aplicada pelo MST em suas ações educacionais em assentamentos no Nordeste desde 2007; confira como funciona


Por Jamile Araújo, da Página do MST | De São Paulo (SP)

Iniciativas populares têm possibilitado a organização de experiências que tornaram possível a alfabetização de milhares de pessoas em diversos estados no Brasil.

O “Sim, eu posso!” (“Sí, yo puedo”) é um método de alfabetização em massa, que foi utilizado para erradicar o analfabetismo em Cuba, e já chegou a cerca de 30 países, com uma metodologia a partir de videoaulas para alfabetizar jovens e adultos.

Em 2006 o método chegou ao Brasil em uma parceria com algumas prefeituras do estado do Piauí.

No ano seguinte, em 2007, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) incorporou a metodologia em suas ações educacionais, e começou a aplicá-la nas áreas de reforma agrária.

A metodologia do “Sim, eu posso!” se apoia nas telenovelas, em turmas reduzidas de até 15 educandos.

A partir dos capítulos da telenovela, há uma aproximação das letras do alfabeto e dos números, facilitando a memorização e o aprendizado de cada letra.

Com o tempo e as aulas, os educandos passam a identificar e construir/escrever palavras e frases.

Em Yáyá Massemba, música interpretada por Maria Bethânia, que fala sobre as aflições e dores sentidas pelos negros escravizados que vinham nos navios negreiros, durante o período escravocrata, para o Brasil,  tem um trecho que diz: “Vou aprender a ler pra ensinar meus camaradas”.

O “Sim, eu posso” é sobre poder se tornar sujeito de si, e, sobretudo, sujeito coletivo.

A partir da identificação de uma letra chegar à leitura de livros, da escrita de uma palavra chegar a redigir textos.

E, por meio do conhecimento da história de luta e resistência de seu povo, tecer a possibilidade de se tornar protagonista de suas vidas, escrevendo, na sociedade, uma outra história para os trabalhadores e trabalhadoras explorados e oprimidos.

No site do MST reportagens especiais estão apresentando várias experiências do “Sim, eu posso!” nos estados da região Nordeste. Acompanhe e confira!

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “à taxa de analfabetismo é o percentual de pessoas de determinada faixa etária que não sabem ler e escrever um recado ou bilhete simples, no idioma que conhecem, no total populacional dessa mesma faixa etária, em determinado espaço geográfico e ano considerado”.

O IBGE estima que 11 milhões de brasileiras e brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos, ou seja, não conseguem ler e nem escrever.

NORDESTE

Quando se leva em consideração as perspectivas regionais, etárias, e de cor e raça, é possível perceber nuances importantes para pensar a erradicação do analfabetismo no Brasil. Das 11 milhões de pessoas analfabetas, 6,2 milhões ou 56,2% (mais da metade) viviam na região Nordeste.

Embora a taxa de analfabetismo tenha reduzido na maioria das regiões, no Nordeste ela aumentou de 13,87% em 2018 para 13,90% em 2019, para pessoas de 15 anos ou mais.

Além disso, é no Nordeste também onde se encontra a maior taxa do país. Em 2019, nas demais regiões as taxas eram de 7,60% no Norte; 4,90% no Centro Oeste; 3,30% no Sudeste; 3,30% no Sul.

PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS

Essas taxas são ainda maiores para pessoas com mais de 60 anos, indicando a concentração do analfabetismo nessa faixa etária. A taxa nacional é de 18%, mas ao olhar por região temos: 37,20% no Nordeste; 25,50% no Norte; 16,60% no Centro-Oeste;  9,70% no Sudeste; e 9,50% no Sul.

No que diz respeito ao fator de cor e raça, é possível observar uma grande diferença.  No ano de 2019, 8,9% das pessoas de 15 anos ou mais de cor preta ou parda eram analfabetas, enquanto o percentual referente às pessoas brancas é de 3,6%. No grupo com 60 anos ou mais a diferença é maior ainda, enquanto a taxa de analfabetismo das pessoas de cor branca alcançou 9,5%, entre as pessoas pretas ou pardas, chegou a 27,1%.


Imagem em destaque: videoaula do “Sim, eu posso!”. Foto: Regis Philippe/MST


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