Juá, a folha do juazeiro, como fitoterápico

Pesquisadoras da UFPB descobrem propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e analgésicas da planta, e aguardam patente


Por Carlos Germano, da Ascom da UFPB | De João Pessoa (PB)

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram pó da folha de juazeiro, mais conhecido como juá, planta típica do Semiárido brasileiro, para produção de fitoterápicos e itens de higiene.

Segundo os pesquisadores, o juá tem propriedades adstringentes, antimicrobianas, diuréticas, cardiotônicas, anti-inflamatórias e analgésicas.

Na forma de extrato, feito com água, o pó pode ser usado para o tratamento de gastrite, gripe, febre, contusões, má digestão e ferimentos. A secagem e obtenção do pó é uma forma de conservação.

“Ele pode ser utilizado [também] para a fabricação de um shampoo anticaspa, por exemplo”, conta a pesquisadora Eudezia Mangueira, uma das responsáveis pelo produto inovador.

A equipe dos criadores da patente é formada ainda pelas pesquisadoras Ananda Muniz e Ana Carolina Leite, sob supervisão dos professores de Engenharia Química da UFPB Josilene Cavalcante e Nagel Costa, mais a colaboração do engenheiro químico Marcos Morais.

“Nosso intento era fazer uma caracterização dos parâmetros que influenciavam o processo de secagem em camada de espuma das folhas do juazeiro. Então surgiu a ideia do pedido de patente, para que, futuramente, nós pudéssemos usar o pó da folha do juá, que foi produzido em laboratório, para alguma finalidade a ser decidida”.

De acordo com Eudezia Mangueira, o juá foi escolhido por ser um produto regional e que poderia ser facilmente encontrado.

“Inclusive, as folhas usadas para o estudo foram adquiridas de uma árvore de juazeiro encontrada na Centro de Tecnologia da UFPB, no campus I, em João Pessoa, perto do Laboratório de Termodinâmica, onde a pesquisa foi desenvolvida”.

Para obter o pó das folhas do juá, foi usado um processo de secagem em camada de espuma, por meio do qual as folhas são processadas e transformadas em um suco. Em seguida, o suco foi mexido em uma batedeira, sem adição de nenhum outro produto, até que formasse uma espuma estável.

Foram feitos testes com dois e seis minutos de batedeira. Em seguida, a espuma foi colocada em uma bandeja e levada para uma estufa, até ser completamente seca e, assim, obter o produto em pó.

PATENTES

“Na ocasião, foram realizados outros testes de caracterização da espuma, como densidade, percentual de expansão, estabilidade, incorporação de ar. A professora Josilene Cavalcante já faz um trabalho de secagem em camada de espuma com outros produtos. Estamos aguardando as patentes serem aprovadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi)”.

O processo de secagem em camada de espuma é um processo relativamente rápido, barato e feito a baixas temperaturas, entre 50 e 70 graus, o que ajuda na conservação das propriedades dos produtos.

“É uma grande vantagem porque não queremos só o pó, desejamos um produto que mantenha suas propriedades iniciais o máximo possível e isso foi conseguido”, comemora Eudezia Mangueira.


Imagem em destaque: detalhe do galho com frutos, folhas e flores da planta juazeiro. Foto realizada na Estação Ecológica de Aiuaba (Sertão do Ceará), pelo Centro Nordestino de Informações sobre Plantas


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