Como vai funcionar a vacinação contra a febre amarela

Confira quem vai receber a dose fracionada e a padrão; campanha será concentrada em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia

Por Amanda Mendes, da Agência Saúde

Entre fevereiro e março deste ano, 75 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia vão realizar campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão contra a febre amarela. A iniciativa é do Ministério da Saúde em conjunto com os três estados e municípios e tem caráter excepcional. O objetivo é evitar a expansão do vírus para áreas próximas de onde há circulação atualmente.

No total, 19,7 milhões de pessoas destes municípios nos três estados deverão ser vacinadas na campanha, sendo 15 milhões com a dose fracionada e outras 4,7 milhões com a dose padrão.

A adoção do fracionamento das vacinas é uma medida preventiva que será implementada em áreas selecionadas, durante período determinado de 15 dias, pelos estados, para evitar a circulação e expansão da doença.

A estratégia de fracionamento da vacina é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há aumento de epizootias [casos em animais, em determinada região] e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional e que não tinham recomendação para vacinação anteriormente.

FRACIONAMENTO SEGURO

O fracionamento da vacina da febre amarela é seguro, pois a mesma vacina é utilizada, só que em dose menor. A única diferença está no volume e no tempo de proteção. A dose padrão é de 0,5 Ml, enquanto a dose fracionada é de 0,1 Ml e protege por oito anos, segundo os últimos estudos realizados pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).

No estado de São Paulo, 4,9 milhões de pessoas receberão a dose fracionada e 1,4 milhão a dose padrão em 52 municípios. Já no Rio de Janeiro, 2,4 milhões de pessoas deverão receber a dose fracionada e 7,7 milhões a padrão em 15 municípios. Por fim, na Bahia, 2,5 milhões de pessoas serão vacinadas com a dose fracionada e 813 mil com a dose padrão em oito municípios.

  • PERÍODO DE CAMPANHA:
  • São Paulo: 3 a 24 de fevereiro, sendo dias 3 e 24 (sábado) os dias D de mobilização
  • Rio de Janeiro: de 19 de fevereiro a 9 de março, sendo dia 24 o dia D de mobilização

QUEM RECEBE A DOSE PADRÃO E QUEM RECEBE A FRACIONADA

Alguns públicos não são indicados para receber a dose fracionada, portanto vão receber a dose padrão: crianças de 9 meses a menores de dois anos; pessoas com condições clínicas especiais (vivendo com HIV/Aids, ao final do tratamento de quimioterapia, pacientes com doenças hematológicas, entre outras), gestantes e viajante internacional (devem apresentar comprovante de viagem no ato da vacinação).

A vacinação fracionada é recomendada para pessoas a partir dos dois anos de idade O público vacinado com a dose fracionada da vacina de febre amarela deverá retornar aos serviços de saúde após oito anos para receber uma dose de reforço.

É importante informar que a vacina febre amarela é segura e que eventos adversos [as chamadas “reações”] são extremamente raros, não havendo evidências de aumento dos eventos adversos graves quando se utiliza uma dose fracionada.

CONTRAINDICAÇÃO

A vacina é contraindicada para pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e pessoas com reação alérgica grave à proteína do ovo. A vacinação contra febre amarela impede a doação de sangue por um período de quatro semanas. As pessoas devem realizar a doação de sangue antes da vacinação para manutenção dos estoques de hemocomponentes.

O Plano Estratégico de Vacinação contra a Febre Amarela foi elaborado com a participação de representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC), e aprovado pelo grupo de trabalho do Comitê Técnico Assessor em Imunizações (CTAI) e especialistas.

CASOS

Os informes de febre amarela seguem a sazonalidade da doença que acontece, em sua maioria, no verão, sendo realizados de julho a junho de cada ano. No período de monitoramento (julho/2017 a junho/2018), até o dia 08 de janeiro deste ano, foram confirmados 11 casos de febre amarela, sendo oito no estado de São Paulo, um (01) no Rio de Janeiro, um (01) em Minas Gerais e um (01) no Distrito Federal. Quatro casos evoluíram para óbito, sendo dois em São Paulo, um (01) em Minas Gerais e um (01) no Distrito Federal. Ao todo, foram notificados 381 casos suspeitos de febre amarela em todo o país no período, sendo que 278 foram descartados e 92 permanecem em investigação.

Em relação ao surto que ocorreu no primeiro semestre de 2017, entre dezembro de 2016 e junho de 2017, foram confirmados 777 casos e 261 óbitos por febre amarela, o que representou a maior transmissão da doença das últimas décadas. A região Sudeste concentrou a grande maioria das notificações, com 764 casos confirmados, seguida das regiões Norte (10 casos confirmados) e Centro-Oeste (3 casos). As regiões Sul e Nordeste não tiveram confirmações.

VACINAÇÃO EM OUTROS ESTADOS

A vacinação para febre amarela é ofertada na rotina dos municípios com recomendação de vacinação nos seguintes estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

É importante informar que a febre amarela é transmitida por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então decorrem do ciclo silvestre de transmissão.


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