Falemos de Brasil. Por Sérgio Sérvulo da Cunha

Em época alguma tivemos uma percepção tão grande do nosso desajuste. A ética individualista é a responsável por essa crise. A saída é…

FALEMOS DE BRASIL

Por Sérgio Sérvulo da Cunha*, de Santos | Foto: Wagner de Alcântara Aragão

Falemos de Brasil, essa palavra que, ultimamente, nos tem soado como um palavrão.

Não é sem motivo.

Em muitos momentos de nossa história fomos mais pobres, mais desiguais, mais desorganizados, menos instruídos ou mais infelizes do que hoje.

Mas em época alguma tivemos uma percepção tão grande do nosso desajuste.

Também padecemos momentos de retrocesso, como, por exemplo, o período que ficou conhecido, na história, como “o regresso” (após a declaração da maioridade de D. Pedro II, e consequente fim da regência).

Mas esta é, sem dúvida, a pior crise que já vivemos.

Vejo as pessoas, de modo geral, deprimidas e sem esperança. Aquelas que sempre se preocuparam com a política, e aquelas que, nunca se tendo preocupado com a política, depois de breve e contraditória excursão, agora a renegam.

Leio, nos jornais, que os presidenciáveis dedicam-se à elaboração de sua agenda de governo.

Bem, inexiste agenda, preparada por qualquer presidenciável, capaz de nos retirar do buraco onde nos enfiamos. A razão é evidente: a crise vai além das instituições políticas. Qualquer remendo, mesmo que na estrutura dos partidos políticos, só nos poderá oferecer mais do mesmo.

Essa crise, que atingiu profundamente os três poderes – executivo, legislativo e judiciário – existe porque, antes disso, corroeu os fundamentos da sociabilidade.

Toda a vida social se edifica sobre um pacto, um pacto de confiança, tolerância e respeito. Mas, no Brasil, foi o próprio tecido social que se rompeu.

Se formos buscar um responsável pela crise, evidentemente não será qualquer político, nem qualquer pessoa. O responsável está dentro de cada um de nós, e se chama “ética individualista”.

A reconstrução das instituições, e do governo, passa, pois, pela reconstrução da cidadania, sobre a qual aqueles se edificam. Põe-se à nossa frente, assim, um longo e trabalhoso caminho. Mas é o único ao fim do qual poderemos colher frutos sadios.

  • *Sérgio Sérvulo da Cunha, professor, filósofo, jurista e escritor. Entre outras atividades já exercidas, foi vice-prefeito de Santos (1989-1992). Atualmente é coordenador geral do Fórum da Cidadania de Santos. Mantém o site www.servulo.com.br.

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