A quem aproveita. Por Sérgio Sérvulo da Cunha

“Quando informações bombásticas vêm a público, a primeira pergunta a ser feita é sobre a origem, a causa das notícias e o interesse dos seus propagadores”

A QUEM APROVEITA

Por Sérgio Sérvulo da Cunha, de Santos

Na Revolução Francesa, o período conhecido como Terror teve início com a perseguição aos girondinos; achou-se então que, utilizados meios excepcionais (como, por exemplo, a guilhotina) para combater o mal, as coisas voltariam em seguida à normalidade. Acontece porém que, desatadas as fúrias, voltaram-se contra os próprios jacobinos, inclusive seu líder máximo, Robespierre.

Quando a legalidade se fragiliza, a violência assume o comando da sociedade. Isso tem a fatalidade de uma lei. Aí, a posse de informações, o conhecimento do que acontece por trás dos bastidores, torna-se uma arma poderosa, manejada com êxito a partir dos invisíveis subterrâneos do regime.

Na União Soviética, após a morte de Stalin, os chefes da polícia secreta e dos órgãos de informação alçaram-se ao proscênio, até que, com a morte (suspeita) de Bresnev, o governo foi assumido por Iuri Andropov, chefe da KGB.

No Brasil de 1964, o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (o general João Batista Figueiredo) tornou-se presidente.

Por isso, quando informações bombásticas vêm a público – tais as que acabam de ser divulgadas inclusive pela Globo – a primeira pergunta que deve ser feita não é sobre o conteúdo dos fatos, ou dos pretensos fatos, mas sobre a origem, a causa das notícias, e o interesse dos seus propagadores. São, esses, os tradicionais pescadores de águas turvas, manipuladores de informações, difamadores, semeadores de indignações. O que os move a divulgá-las, neste momento e dessa forma?

Eles querem – imagino – que Michel Temer e Aécio Neves sejam linchados.

Não, eles serão julgados. E, se não funcionarem – como não costumam funcionar – as pervertidas instituições às quais se cometeu o poder de julgar, serão julgados pelo povo e pela história.

O melhor que temos a fazer, para nosso bem e dos nossos filhos, é não esquecer das lições que o terror nos dá, e fortalecer nosso compromisso com o Estado democrático de Direito.

É isso que nos permitirá, ao raiar da aurora, estabelecer um ordenamento jurídico capaz de identificar, cercear e punir, com justiça, os inimigos do Brasil.

  • Sérgio Sérvulo da Cunha, professor, filósofo, jurista e escritor. Entre outras atividades já exercidas, foi vice-prefeito de Santos (1989-1992). Mantém o site www.servulo.com.br.

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